O poder das amantes

Assim pensando e perquirindo, decidi, hoje, refletir – olhem só que loucura! – sobre o fascínio das amantes, fruto do que vivenciei como magistrado e como cidadão. Será uma reflexão muito breve. Nada que possa fazer corar. É só mesmo o óbvio, o discurso tolo. O prazer de expor as minhas mais estranhas e bizarras reflexões. É possível que você, caro leitor, não dê um vintém por essas reflexões. Mas não tem problema. Cuide de ler outras coisas. Aqui mesmo neste blog tem coisas bem melhores para ler e pensar.

Juiz José Luiz Oliveira de Almeida

Titular da 7ª Vara Criminal

Este blog não foi pensado apenas para divulgação de matérias de cunho jurídico. Quando o idealizei, tive como objetivo criar um espaço para expor as minhas inquietações, as minhas mais esquisitas reflexões, as minhas angústias, os conflitos – naturais – que tenho com o mundo e a minha quase incapacidade de ser omisso em face das mais diversas situações, ou melhor, de permanecer inerte diante delas.

A minha inquietação e a permanente incapacidade de calar diante dos mais variados temas, têm me levado a ser incompreendido por muitos que, diferentes de mim, preferem o mutismo, a quietude, a omissão – e fazem descarada apologia do “deixar-como-está-para-ver-como-é-que-fica”.

Assim pensando e perquirindo, decidi, hoje, refletir – olhem só que loucura! – sobre o fascínio das amantes, fruto do que vivenciei como magistrado e como cidadão. Será uma reflexão muito breve. Nada que possa fazer corar. É só mesmo o óbvio, o discurso tolo. O prazer de expor as minhas mais estranhas e bizarras reflexões. É possível que você, caro leitor, não dê um vintém por essas reflexões. Mas não tem problema. Cuide de ler outras coisas. Aqui mesmo neste blog tem coisas bem melhores para ler e pensar.

Pois bem. Eu fui criado ouvindo histórias fantásticas do poder e do fascínio das amantes. Muitas das histórias que ouvi e que, até, testemunhei, se passaram muito próximo de mim. A mais emblemática delas foi a da amante do meu pai, que o tirou de nosso (difícil) convívio há exatos 33 (trinta e três) anos, nos privando de sua presença, quiçá, para o resto da vida.

Na condição de magistrado, julguei vários divórcios e separações judiciais, em face da influência e do poder das amantes, que não hesitaram em destruir os casamentos nos quais intercediam com o seu poder quase ilimitado sobre o amante.

A história registra incontáveis casos de amantes que tiveram influência no poder, mudando, até, o curso da história.

Nesse sentido, é emblemática a influência da aristocrata Domitila de Castro Canto e Melo, amante oficial de D. Pedro I, que, nessa condição, exerceu grande influência durante o primeiro reinado.

O despudor, a influência e proximidade da Marquesa de Santos com o poder se revelavam de tal magnitude, que foi designada Dama do Paço, a pedido da própria imperatriz Maria Leopoldina, que já sabia, como todos da corte, do romance entre os dois – e de sua influência sobre o imperador.

Do outro lado do Atlântico, na França, da mesma sorte, foi grande o poder e a influência de Diana de Poiters, durante o reinado do seu amante Henrique II .

Catarina de Médicis bem que tentou influir no reinado do marido, mas foi preterida pela amante, que só deixou de exercer influência, claro, com a morte de Henrique II.

Com a morte do rei, Catarina obriga Diana de Poiters a devolver as jóias da coroa, com as quais foi presenteada, e a se retirar da Corte. Terminava, assim, com a morte, a influência da amante sobre o amado.

Esses dois casos, retirados ao acaso, são mencionados apenas à guisa de reforço acerca da influência das amantes.

Elas, as amantes, chegam de mansinho, vão comendo pelas beiradas, como acontece comumente e, em pouco tempo, passam a exercer tanta influência sobre os homens, os quais, muitas vezes, acabam por abandonar a família para viver uma aventura; influência que, por essa ou aquela razão, nunca puderam – ou souberam – exercer as próprias mulheres.

Eu não me aventuro a diagnosticar as razões pelas quais as amantes são tão fascinantes, mesmo porque não é a minha especialidade e, ademais, porque nunca tive uma vida paralela.

As reflexões que faço, hic et nunc, reafirmo, decorrem simplesmente da minha incapacidade de viver sem refletir, sem perquirir acerca dos mais variados temas.

Não tenho, com essas quase irrelevantes reflexões, nenhuma pretensão acadêmica. Elas nada mais objetivam senão fazer refletir – para quem quiser refletir, claro – sobre um tema tão presente na vida de todos nós.

Essa minha incapacidade de viver sem pensar e sem questionar ainda vai me levar por caminhos nunca dantes percorridos.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

2 comentários em “O poder das amantes”

  1. Sensacional…. Belo blog, a clareza com que expõe tuas ideias é impressionante, mais do que uma aula juridica, é uma aula de Lingua Portuguesa…

  2. Prezado,

    Quero entender como me comportar em uma audiência de pensão alimentícia ou de divórcio e li suas considerações.
    Meu ex marido fechou nossa clínica oftalmológica e abriu duas outras empresas em nome somente da amante e um laranja.
    A casa própria e um carro também está no nome de laranjas.
    Como falar isso com clareza para um juiz? O engraçado é que ele mora com a amante há quase 4 anos e não entra com o pedido de divórcio e deixou-me com dois filhos pequenos e com uma mão na frente e outra atrás.
    Tive a sorte de ter pais vivos que me acolhessem e me reanimassem a recomeçar mesmo com a perda de padrão de vida.
    De pensão, ganho dois salários mínimos e trabalho há dois anos em um escritório de advocacia.

    Vou procurar jurisprudencia a respeito.

    Rosa

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