Eu, muitas vezes, em face das notícias veiculadas, fico a pensar que ser direito é pecado.
Em face do que leio e vejo, fico com a nítida sensação de que não tem mais jeito.
Será que tem que ser assim mesmo!
Será que o mundo é mesmo dos mais “espertos”?
Será que, estando-se no poder, tem-se que fazer apologia da bandalha.
Será que não vale à pena rezar na cartilha dos honestos?
Vejam o episódio Palocci.
Há veementes indícios de enriquecimento ilícito. Ainda assim, está sendo blindado por governadores, deputados, senadores e, até, pela presidente da república, quando o correto, em qualquer país sério, seria ele justificar como enriqueceu em tão pouco tempo.
Mas, ao invés disso, diz, apenas, quem não tem o que explicar.
E fica o dito pelo não dito.
E nada acontece!
E nada se faz!
E fica tudo como dantes!
E seu todos decidissem fazer o mesmo?
E seu eu decidisse, amanhã, vender decisões?
E seu eu decidisse usar meu prestígio – ou o prestígio do cargo – para pedir empregos para os meus filhos?
Eu se eu me decidisse pelo nepotismo cruzado?
E se eu decidisse me locupletar de parte dos vencimentos dos meus assessores?
E seu eu concluísse que ser honesto é uma rematada tolice?
E se eu concluísse que é melhor ser desonesto morando num apartamento luxuoso, que permanecer morando aonde estou?
E se eu decidisse que é melhor ser desonesto viajando pelo mundo, na primeira classe, que ser honesto viajando para Cururupu, num dos fétidos ferry-boats que servem à baixada maranhense?
E se me fizessem ver que traficar influência é próprio do exercício do poder público e que eu poderia fazê-lo sem nada temer?
A verdade é que nós outros, aqui do nosso canto, a toda sorte de bandalheira assistimos, inertes, sem nada poder fazer.
A quem apelar?
Como pode um Ministro da Justiça, por exemplo, simplificar a denúncia ao Ministro Palocci a uma questão meramente politica?
Como pode a presidente do país ter como braço direito uma pessoa sobre a qual há suspeitas de enriquecimento ilícito?
Não sei não…mas eu fico com a sensação que estamos perdidos, que estamos falando sozinhos, que somos uns tolos, uns babacas.
É por isso que muitos, que vivem a criticar esses desmandos, na hora que ascendem, se danam a receber propinas; fazem de tudo para enriquecer rapidamente.
É aquele velho ditado, que norteia a ação dos canalhas incrustrados no poder: farinha pouca, meu pirão primeiro.
O Brasil tem jeito?
Estava eu pensando exatamente nisso quando abri o blog do Senhor hoje pela manhã… ou melhor… quase tarde.
Acordei com a sensação de que a desonestidade neste país é vista com bons olhos.
E o pior, nós que somos honestos nos sentimos andando na contramão, pois o que era proibido, agora, é permitido.
Fico a questionar se chegará o dia em que os honestos terão vergonha de sua honestidade em razão da atual crise de valores que vivenciamos, porque na realidade as pessoas já nem sabem mais o que é certo e o que é errado.
E assim vamos seguindo, valorizando os sorrisos forçados, os tapinhas nas costas, os favorecimentos, porque a “gentinha sem graça”, “os caretas” não sabem de nada.
Quanto a mim, ando no sentido contrário, numa atitude que pode ser vista como desarrazoada, mas vou dando meus tropeços, seguindo os antigos valores, acreditando que, embora honesta, a vida vai dar certo.
Engraçado como ainda encontramos lugares interessantes na internet. O blog de Vossa Excelência é um deles.