Há pessoas que, seja qual for os fins que persigam, sejam quais forem as idéias que defendam, só conseguem ver o mundo em branco e preto.
São os, por assim dizer, radicais, do tipo que a todos criticam mas não são capazes de uma elementar autocrítica.
Todavia, é preciso confrontar essa realidade maniqueísta.
Não se pode ver o mundo e as pessoas em duas cores.
As coisas não são bem assim, do tipo se sou bom os outros não prestam, se sou honesto, tudo o mais é desonesto, se falo a verdade, o que outros dizem é pura mentira, se sou belo, o que não sou eu belo não pode ser.
É preciso analisar o mundo sob outro enfoque.
É preciso que se estabeleça um ponto de equilíbrio.
Se me julgo correto, tenho de convir que, como eu, há incontáveis pessoas tão ou mais corretas que eu.
Se sou honesto, o meu vizinho não é necessariamente desonesto.
Se sou cumpridor das minhas obrigações, não quer com isso significar que as outras pessoas sejam negligentes.
Se sou pacato, não significa que os demais sejam beligerantes.
E por aí vai.
Essas reflexões são fruta da constatação de que muitos que criticam o semelhante, de forma acerba e inclemente, em face de um deslize a que todos estamos sujeitos, assim o fazem exatamente em face da lamentável visão maniqueísta que têm do mundo.