Desabafo

Há  coisas que a gente, definitivamente, não consegue entender. E se tentar entender, pode pirar.

Nesse sentido, devo dizer que  não consigno compreender, nunca vou conseguir entender –  ainda que tente,  muitas vezes –   por que há pessoas que só fazem mal ao semelhante – e, algumas vezes, dependendo do poder que tem, a uma parcela significativa de viventes – todavia, ainda assim,  não sofrem reveses significativos na vida.

Nessa ordem de ideias,  registro que não consigno compreender, por exemplo, porque Flávio Dino, que tenho em conta  como um homem de bem, que foi uma magistrado de escol,  honrado e reconhecido pela inteligência incomum, que é  um pai de família exemplar,  um homem público de inegáveis predicados, tinha que passar pela desdita de perder um filho tão jovem.

Senti necessidade de fazer esse desabafo, porque me dói a conclusão de que, para ser feliz, não basta ser bom,  correto e digno.

Claro que, em face de acontecimentos desse jaez, haverá sempre quem procure confortar com palavras. Mas elas, não nos iludamos,  não confortam, não amenizam a dor, não saram as feridas, porque quem sofre a dor da perda de um filho não tem consolo.

Nada, ninguém, nenhuma palavra, nenhum gesto, nenhuma manifestação de solidariedade, por mais intensa que seja, consegue confortar, amenizar a dor de quem perde um filho.

Quem tem filho entende o que estou dizendo.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Um comentário em “Desabafo”

  1. Não somos deste mundo, viemos a ele enviados por Deus. E, somos chamados por Ele quando é chegada a hora. “Tu és pó e ao pó voltarás” Gen, 3,19.

    Há casos em que espero não ter sido a causa da morte do filho dele, em que o retorno é antecipado por alguma falha humana. É onde encontro explicação para a morte do meu filho de 18 anos.

    Noutro caso, um passageiro coloca uma barra de ferro no bagageiro de um ônibus. Aquele onde só pode carregar pequenos volumes. O ônibus capota, só uma vítima fatal, aquela que foi transpassada por esta vara de ferro.

    Não podemos esquecer que em Brasília os médicos não sabem tratar malária,(não tem medicamentos), que o mesmo caso de Tancredo Neves em outros lugares, são outros os resultados, que a asma mata sim, tanto que há crianças e adultos também que carregam consigo uma bombinha.

    Da mesma forma um menino de 14 anos, jovem, saudável, ansioso por causa de um jogo que ia passar na TV, falta luz na cidade onde ele mora, a luz volta, os pais têm uma pizzaria e como estava demorando ele vai até a pizzaria, e, enquanto esperava o pai o vê de forma diferente, mexe nele e vê que está desmaiado. Entre a pizzaria e o hospital ele faz uma parada cardíaca. Reanimado ainda dentro da ambulância dos Bombeiros, e, em coma há mais de um mês. Várias crianças (adolescentes) como ele pedindo por Heitor Silva no facebook.

    Espero ter lhe trazido um pouco de alento e ao mesmo tempo assim como disse Jesus, nós pais possamos estar sempre Vigilantes e Orando!

    Saudações fraternas!

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