O poder fascina

Por que será que as pessoas, no Poder, costumam, de regra, se deixar levar  pelo fascínio – desse mesmo Poder – e se mostram incapazes de resistir às suas tentações?

Por que será que  “os fora do Poder ” costumam ser críticos vorazes dos que, no Poder, não são capazes de resistir ao seu fascínio, mas,  quando ascendem a esse mesmo Poder, esquecem as lições de ética que julgam ter aprendido  para, da mesma forma,   jogar na lata do lixo, sem o menor escrúpulo, os preceitos éticos e morais que tanto apregoavam?

Faço a mim –  e aos leitores desse blog – essas indagações, depois de ter lido alguns articulistas nacionais, fazendo menção aos “deslizes” do senador Demóstenes Torres tido e havido como um dos éticos do Congresso Nacional.

Será que, definitivamente, somos todos iguais?

Será que não escapa  pelo menos um para servir de referência?

Fico pensando que, a cada deslize dos que fazem apologia da ética e da retidão, -e  diante da quase certeza da impunidade –  muitos são os que ficam apenas esperando a sua vez, fingindo-se de ético,   para  pegar o seu bocado.

Fico pensando, ademais, que, cada vez que um ético “cai”, os que já “caíram”  –  ou os que já ascenderam ao poder com a moral a nível do chão –  fazem a festa, com a sensação, para eles alentadora, de que, afinal, somos todos iguais.

Eu gostaria muito de estar errado nessas reflexões.

Eu gostaria muito que exemplos como o do senador Demóstenes Torres – a serem verdadeiras, claro, as acusações veiculadas na imprensa – não desestimulassem os mais novos.

Eu gostaria muito que todos que ascendessem ao Poder com um discurso moralista, fossem capazes de colocá-lo em prática.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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