Só um tolo se ilude com o poder. O que se vive e vivencia no poder é absolutamente efêmero. Tenho dito isso repetidas vezes, a reafirmar a minha convicção de que a salvação da alma está fora do poder.
A vida acelera. O tempo passa com uma rapidez de impressionar. E nós vamos juntos – sem opção, pois não se desacelera a vida.
A vida se esvai, o tempo a leva consigo. É preciso, pois, estar preparado para deixar a ribalta para os novos atores.
Num determinado dia, quando a embriaguez do poder passar, somos surpreendidos com a constatação de que só nos restou a ressaca para ser curada; e concluiremos, estupefatos, o óbvio:é chegada a hora de voltar – por inteiro – para casa, para os braços de quem nos ama verdadeiramente, para o conforto que só um lar proporciona nas situações extremas da vida.
O tempo, inclemente, (quase) tudo destrói; só não destrói a nossa história, o que edifcamos – de bom ou de ruim.
O que valerá mesmo, alfim e ao cabo, é aquilo que construímos, que deixamos para as gerações futuras.
A cada dia, a cada momento, aqueles que exercem o poder com aptidão, vão construindo a sua história, sedimentando o seu legado para as gerações futuras.
A história que cada um de nós constrói pode ser uma boa ou má história. Tudo depende da maneira como exercemos o poder.
Quero, sim, ser lembrado, no futuro, como um magistrado que ousou tentar romper os paradigmas, que não se intimidou com a arrogância dos que, podendo, preferiram a acomodação, a deixar como está, para ver como é que fica.
Tenho repetido, reiteradas vezes, que cada um constrói a sua história – e é responsável pelo legado que deixar para as gerações futuras.
Eu faço a minha história. Cada um faz a sua. Umas mais e outras menos relevantes. Mas, ainda assim, história.
Triste daquele que passa pelo poder e não constrói.
Triste do que pensa que o poder é apenas um instrumento de satisfação e realização pessoal.
O poder passa; a nossa história fica. Mesmo os ditadores um dia deixam o poder – ou pela morte ou pelo golpe.
Por tudo que acima expus é que reafirmo que o poder é a ilusão dos tolos.
Tenho dó dos que exercem o poder com os pés na cabeça, cultivando apenas o seu ego e galvanizando inimizades; tende a ficar sozinho, num ostracismo que já matou de tédio muitos daquele que, no poder, imaginavam-se super-homens, com superpoderes.