As quadrilhas se articulam

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Não há como não se indignar. Na Polícia Federal estão em curso  3.167 inquéritos policiais envolvendo 484 prefeitos municipais. É pouco, no entanto, considerando a roubalheira desenfreada que se institucionalizou nas prefeituras municipais do Brasil, desde sempre.

O mais grave é que eles não se limitam a desviar os recursos públicos. Quando perdem a eleição, quando não se reelegem ou não fazem o sucessor, deixam de honrar os compromissos com fornecedores, transferindo, por pura maldade,  a obrigação para o sucessor, tudo no afã de inviabilizar a próxima gestão. E não estão nem aí para o sofrimento da população, afinal, eles não têm sensibilidade.

Mas esse é apenas um dos expedientes mais visíveis. Há outros e outros, que não convém sequer mencionar, pois que todos sabem.

A irresponsabilidade dos administradores municipais – respeitadas as exceções – não tem  limites.

Os jornais, a propósito, noticiam, sem surpreender, a ações nefastas dos prefeitos não eleitos de Natal , Salvador e Macapá, certos, sim, da impunidade, num manifesto desprezo  pelas instituições

Mas isso é apenas o visível, o que a imprensa noticiou. O que não chega ao conhecimento do povo é de estarrecer.

No estado do Maranhão não é diferente. Os bandidos de colarinho branco já se arregimentam, já promovem reuniões, montam esquemas sofisticados – às vezes, nem tanto – para desviar recursos públicos, conscientes de que é chegada a hora. E o resto que se dane, afinal, de certeza mesmo eles só têm quatro anos para tirar proveito, pois a reeleição nem sempre é garantida.

A Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (DICOR), da Polícia Federal, declinou ao Estadão como agem as organizações criminosas que tomam de assalto o Poder Público.

Segundo Oslain Santana, as organizações criminosas em relação ao poder público são de três ordens. Uma, de matriz mafiosa, se infiltra no aparelho do Estado e investe mais em corrupção de agentes públicos do que em atos de violência para realizar seus “negócios” e ampliar cada vez mais o seu poder. Numa outra categoria estão os grupos mais  agressivos que apelam para as ações armadas, como ocorre no Rio e São Paulo. O terceiro é o grupo que mais preocupa a PF, formada  pelas organizações de colarinho-branco ou das elites, pessoas acima de qualquer suspeita, mas que movimentam grandes esquemas.

E assim, as coisas vão acontecendo. Infelizmente, repito, os inquéritos em andamento representam quase nada, se considerarmos a extensão dos desvios de recursos públicos.

E, atenção: com certeza, com a posse dos novos mandatários, os quadrilheiros já estão traçando planos para atacar os cofres públicos. Logo, logo você se deparará com um novo rico, esnobando com o dinheiro da saúde e da educação, dentre outras verbas que, certamente,  também alcançarão.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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