Nunca me considerei um jurista. Sou um estudioso, mas limitado. Seria uma pretensão descabida, uma vaidade injustificável. Nós não temos o direito de enganar a nós mesmos. Eu sei de mim. Por isso faço essa afirmação, que é muito mais uma constatação. Não sou inteligente! Tenho dificuldades de assimilar as coisas que leio, conquanto admita ter uma especial capacidade de discernimento. Me pego, muitas vezes, lendo o que já li como se fosse novidade. Daí se pode inferir a minha deficiência cognitiva. Não faço, por isso, muito bem o que me proponho. Mas faço com esforço. Os pouco inteligentes têm que ser, pelo menos, esforçados. Magistrados, sobretudo, além dos predicados morais, têm o dever de estudar; estudar muito, registro.Eu procuro fazê-lo, com regularidade, repito, por ter ciência das minhas limitações.
Dia desses, lendo comentários em determinado blog da cidade, deparei-me com o comentário de um leitor,elogiando o meu trabalho, dizendo, dentre outras coisas, que eu sou um jurista criminal da melhor qualidade. Li e fiquei pensando, preocupado, de como as pessoas criam fama, sem merecer a fama. Eu não mereço, definitivamente, o epiteto de jurista. Não sou jurista! Sou um ser voluntarioso, que procura, dentro de suas limitações, fazer bem o que for possível. Faço essas ponderações apenas para reiterar que o que gosto mesmo é da crônica. Eu adoraria mais ser respeitado como cronista que como jurista. Me fascina ver a vida passar só para sobre ela e sobre as coisas que se passam diante dela, poder refletir, dizer o que vi e o que senti. Eu estou sempre antenado com o mundo em minha volta. Eu estou sempre analisando, perscrutando, deduzindo, expondo as minhas reflexões acerca das coisas da comunidade. Gosto disso! Eu um dia, se me for dada a oportunidade, ainda deixo de julgar para fazer crônicas, apenas.