Muitas vezes, sem que nos demos conta, entramos em crise com nós mesmos; pelo menos, comigo é assim.
Há dias que, sem saber por quê, entro em crise comigo, passo a me questionar e a questionar as minhas posições em torno de determinadas questões, em face, por exemplo, das minhas relações com o semelhante.
No passado essa questão – que eu chamo de crise de subjetividade – me afligiu muito mais; cheguei, muitas vezes, quase à exaustão. Hoje, nem tanto. Hoje, tiro de letra. Aprendi com a vida. Estou maduro, o que não me impede, no entanto, de continuar refletindo sobre essa e outras questões de caráter subjetivo, como tenho feito em incontáveis artigos aqui mesmo veiculados.
Eu, simplesmente, não compreendia a crise que se instalava em mim, que em mim fazia morada e não manifestava desejo de se mudar. Crise que, muitas vezes, exigia de mim muito mais do que eu podia dar, que ia além da minha capacidade de entender, enfrentar e superar.
Nesse cenário,desci, muitas vezes, próximo ao fundo do poço, fragilizei a minha alma, prejudiquei as minhas relações; depois, tudo passava, mas ficava a sequela, a grave sensação de não estar bem – e de não compreender – o que era mais grave – por que não estava bem.
Já entrei em crise, no passado, por entender, por exemplo, não ter me comportado, como devia, nas minas relações pessoais, familiares e profissionais; é que abomino a grosseria, a descortesia razão pela qual, sempre que me flagrava descortês, me punia interiormente.
Mesmo em crise, procurava não deixar – às vezes, em vão – que as pessoas que estavam próximas de mim se dessem conta do que eu estava passando, por compreender não ser justo – o que era um equívoco – compartir as minhas aflições, muitas das quais fruto da minha percepção equivocada do mundo.
Uma das minhas maiores aflições sempre foi a decepção com o ser humano, o que era um grave equívoco, vez que eu mesmo, por diversas vezes, decepcionei as pessoas e me decepcionei comigo mesmo. Era, vê-se, uma exigência boba, de quem não tinha noção do mundo, de quem não tinha capacidade de analisar a própria conduta.
Apesar da equivocada análise, continuo exigindo muito das pessoas, e muito mais de mim mesmo.
Claro que, em torno dessas questões, me refiro às pessoas que gosto, pelas quais tenho apreço; as outras pessoas, bem…quanto a essas, que para mim são indiferentes, pouco importa se me agridem, se me decepcionam, se mentem para mim, se fingem me querer bem; para essas eu reservo o meu desprezo.
Eu sou assim: igual a todo mundo; às vezes complicado; outras vezes, nem tanto.
Como qualquer um, reafirmo, a minha subjetividade também entra em crise.
No momento em que faço essas reflexões, eu posso estar em crise com a minha subjetividade.
E por que não?