Sinto, a cada dia, que, no futuro bem próximo, de tão encurralados que estamos pelos criminosos, vamos ter que pagar pedágio ou pedir por favor para que liberem a nossa saída de casa.
Vivemos sob intenso pavor. Quando vou caminhar, meu filhos me recomendam cuidado; quando meus filhos saem, torço sempre para que voltem em paz. Todavia, nenhum de nós pode afirmar que, depois de sair, voltaremos para nossa casa.
Os marginais nada temem: assaltam, estupram, matam, esfolam, humilham, atordoam e nos apequenam, sem pena e sem dó.
Eduardo Paiva, como todo e qualquer trabalhador, saiu de casa para não mais voltar para o aconchego do seu lar. Saiu para sacar o dinheiro que havia economizado, para pagar o pedreiro que contratou para erguer sua casa, na zona norte de São Paulo. Foi interceptado por assaltantes, e, conquanto fosse uma pessoa calma, reagiu, na esperança de salvar a quantia que com sacrifício amealhou.
Segundo relato de seus familiares, Paiva, natural de Vitória da Conquista, estava muito feliz com o dinheiro que ganhou fazendo bico, na esperança de pagar a construção de sua casa. Ficou no sonho. Ou melhor, o seu sonho restou desfeito por dois marginais.