Eu sempre fui fanático por rádio, sobretudo AM.
Sempre gostei de escutar rádio. Até hoje deito e durmo com o rádio ligado.
Sempre sonhei, ademais, ter um programa de rádio.Não realizei este sozinho. O destino me levou para outras áreas. Mas continuo curtindo rádio. E sei que ainda terei um programa de rádio. Penso em me aposentar para trabalhar em rádio.
Verdade! Queria muito fazer um programa de entrevistas. Seria a realização de um sonho.
Recordo que meu pai tinha um rádio Philco, de mesa, e um portátil, oito faixas, também da Philco. Com eles eu ouvia as rádios Globo, Nacional, Tamoio, Tupi e Nacional, todas do Rio de Janeiro.
Comecei curtir futebol sem assistir; só ouvindo as narrações de Valdir Amaral, Jorge Curi e Doalcei Bueno Camargo.
Os gols narrados por eles era tecidos em minha imaginação. Muito tempo depois, assistia, nos cinemas (Eden, Roxy ou Monte Castelo) alguns lances dos jogos que ouvia no rádio, no canal 100, cuja música, marcante, quando ouso, me leva de volta ao passado.
Lembro de ter assistido nos cinemas os dribles desconcertantes de Mané Garrincha, alguns dos gols fantásticos de Pelé; testemunhei, ademais, a elegância de Nilton Santos e Didi.
Mas havia uma hora do dia, como há até hoje, que não tínhamos escolha: era o momento da Voz do Brasil, assim batizada por Getúlio Vargas. Era a hora mais chata do dia. A abertura, com o Guarani, de Carlos Gomes, marcou a minha infância. É ouvir essa música e me transportar para o passado.
Recordo que sempre que ia ligar um dos rádios, o meu pai, pouco cortês, me reprimia dizendo: “desliga esse rádio. Tu não sabe que tá na hora da Voz do Brasil.
Fui criado assim: sabendo que, na hora da Voz do Brasil, era proibido ligar o rádio.
Como eu, muitos filhos ouviram esse tipo de repreensão dos pais, sobretudo porque, nessa época, a opção de lazer era mesmo o rádio. Por isso, quando começava a Voz do Brasil, todos éramos tomados de monotonia.
Ficávamos de olho no relógio. Antes mesmo das 20:00, quando encerrava a Voz do Brasil, já estávamos com o rádio ligado, aguardando para ouvir os programas de esporte favoritos, curtindo as reportagens dos trepidantes Washington Rodrigues e Denis Menezes, sob o comando do categórico Valdir Amaral, que depois passou a dividir as narrações com Jorge Curi.
Desde o governo Eurico Gaspar Dutra que se fala em acabar com a Voz do Brasil, que, todos sabem, não tem audiência. Curiosamente, sai governo e entra governo, mesmo os democráticos, e nós não nos livramos dessa praga, desse entulho autoritário, que nos perseguem até hoje, mesmo sem audiência, pois, segundo pesquisa do IBOPE, apenas 5% da população costuma ouvir a Voz do Brasil, E olha que ainda acho muito. Acho que há alguma coisa erra nessa pesquisa.
Seria bom que se fizesse uma pesquisa para saber se o povo quer ou não a continuação da Voz do Brasil.
Eu seria mais feliz se pudesse, no horário destinado à Voz do Brasil, ouvir os meus programas favoritos.
Fazer o quê?
Meu prezado, compartilhamos da mesma paixão, tenho até hoje um philco transglobe,nove faixas,aquele da luz florescente que indica as faixas de onda.O nobre blogueiro à época, pelo visto, era apaixonado pelas ondas curtas, as mais poderosas frequências,como as das emissoras citadas. Mas, apesar de não ter citado emissoras do nosso Estado, acredito que deves lembrar dos bons programas das emissoras locais, “do alegria na taba” da velha radio timbira, do show da tarde, da educadora, dos nossos programas esportivos, dos nossos narradores, lembra do guilberto alves, acho que se chamava assim, não sei o certo e do canarinho.Quanto a voz do Brasil, lá nos rincões do Maranhão, naquele casebre, com a lamparina acesa,a voz do Brasil se faz escutar, talvez até dispute audiência com os coaxados dos sapos de ribeirinha, mas ainda assim dou uma curtida uma vez ou outra. Fica o registro.