Saber ou aprender a envelhecer?

Não tem jeito. A idade avança e a gente sente os efeitos do tempo. O consolo, se é que se pode dizer isso, é que todos envelhecessem; a menos, claro, que morramos antes.

Diante dessa inevitável “tragédia”, é preciso aprender a conviver com essa realidade. Aliás, há pessoas que dizem, talvez para consolar, que é preciso saber envelhecer, como se isso fosse possível. Ninguém sabe envelhecer; envelhecer a gente aprende, na prática.

Os primeiros sinais que tive de que estava sendo consumido pelo tempo foi quando subi numa escada e, ao descer, com um pulo inconsequente e impensado, dei-me conta de que as minhas pernas já não tinham a mesma firmeza de quando, há algum tempo, eu jogava vôlei na praia e corria como um desesperado para alcançar a bola quando o vento a levava para bem distante.

Esse foi o primeiro sinal. Mas basta estar atento para o que  está em volta que logo se percebe que já não somos os mesmos. Comigo essa percepção, embora no primeiro momento não tivesse me dado conta,  se deu, ademais, quando as amigas da minha filha passaram a lidar comigo me chamando de tio.

Agora só resta a conformação, pois o tempo, a aceleração da vida, e tudo o mais que envolve a nossa permanência na terra, passa de forma inclemente.

Tudo isso é para reafirmar, como antecipei acima, que estou aprendendo a envelhecer e que, diferente do que se afirma por aí, ninguém sabe envelhecer; quando muito, quando se tem uma clara percepção de mundo, se aprende a envelhecer. Mas, para isso, a primeira lição é ter consciência de que o tempo passou, para não ficar por aí dando uma de velhinho transviado e paquerador, sob pena de, por falta de noção da realidade, ser ridicularizado.

O certo é que diante dessas claras mensagens, pude concluir que  envelheci. Agora, o que importa é ter qualidade de vida na terceira idade, que alguns malucos chamam de melhor idade. Como isso será possível para quem teve que passar mais da metade da vida tomando remédios para doença autoimune é que é a questão.

 

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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