TODOS TEMOS OS DEFEITOS QUE TODOS TÊM

Pode parecer truísmo – e é mesmo: todos temos defeitos, uns graves, outros nem tanto.

De toda sorte, defeitos, a reafirmar a nossa indiscutível imperfeição, a nossa condição de seres humanos, enfim.

Mas o que importa para essas reflexões não é só a constatação dos nossos defeitos, porque, afinal, é apenas a reafirmação de uma ululante obviedade.

O que importa mesmo é a reafirmação de que todos temos os mesmos defeitos que todos têm, daí que apontar/censurar os erros do semelhante é, de rigor, uma hipocrisia, que todos teimamos em praticar.

Mesmo quando, sob a perspectiva da moralidade, insistimos em apontar os defeitos do semelhante – como todos fazem, afinal -, nós o fazemos para reafirmar a sentença, qual seja, de que, efetivamente, ter defeito não é privilégio de alguns, e que, nesse quesito, como em tantos outros, somos todos rigorosamente iguais.

E o que fazer diante dessa obviedade, qual seja, de que, no mundo dos mortais e pecadores, somos mesmo, de rigor, iguais?

Respondo que o que resta a fazer mesmo, diante de tamanha obviedade, é evitar ser hipócrita, ou seja, deixar de agir como se, num mundo habitado por pecados e pecadores, não fôssemos iguais – e somos, sim, nos defeitos, principalmente.

Importante consignar, pois, que reconhecer que temos os defeitos que todos têm, numa perspectiva humanista, pode se traduzir numa evolução transformadora, a reafirmar a máxima segunda a qual virtude também se aprende (Sócrates).

Destacado, à luz do exposto, a importância de reconhecermos que todos temos os mesmos defeitos que os têm os nossos semelhantes, resta, para mim, a óbvia constatação de que, se formos capazes de competir, nos dias presentes, criticamente, com quem fomos ontem, seremos, no presente, com alguma certeza, melhor do que fomos no passado, como consequência natural de um inevitável autoconhecimento.

Sob essa perspectiva, não só superaremos alguns dos nossos graves defeitos morais – muitos dos quais não fomos capazes de reconhecer antes -, mas, também, tendemos ser mais tolerantes diante dos defeitos do semelhante, pois, afinal, queiramos ou não, os defeitos do meu vizinho não são diferentes dos meus.

Para encerrar, duas obviedades: i – quando eu reconheço que tenho defeito e cuido dele, tudo tende se amenizar, mas, noutro giro, ii – quando eu nego a existência do meu defeito, aí não pode dar certo, afinal, como diz a sabedoria popular, quando viro as costas para o problema ele não deixa de existir; significa apenas que ele vai me pegar pelas costas.

É isso.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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