Recentemente – semana passada, dia 08 do corrente, pra ser exato – dei uma entrevista na Rádio São Luis. Um pouco contragosto, é verdade. Todavia, a concedi .
Na entrevista falei de assuntos diversos. Inicialmente, acabrunhado, escolhi as palavras, com receio dos desafetos. Depois de alguns minutos, já sem amarras, falei destemidamente, com a mesma obstinação de sempre.
No dia da entrevista, quando cheguei ao Fórum, por volta das 07h00 da manhã, o repórter, Renato Souza Júnior, já me esperava. Não tive como desapontá-lo. Pensei comigo: seja o que Deus quiser. Vou conceder a entrevista. Alguma coisa me iluminará para que eu não me exceda e para que não tenha, por isso, que ser sindicado mais uma vez.
Apesar de ter me auto-imposto rigoroso silêncio – vez que, nos últimos sete anos, pelo que tenho dito e escrito, pelo que fiz e pelo que não fiz, pelo crime que não cometi, respondo a processos e sindicâncias diversos – resolvi falar.
E a entrevista, para minha surpresa, teve enorme repercussão. Recebi nos meus e-mails e por telefone, incontáveis manifestações de júbilo, em face das minhas colocações.
Mas fiquei surpreso, repito, com a repercussão.
E por que me surpreendi? Porque não disse nada que não fosse o óbvio. Eu disse, por exemplo, que somos muito bem remunerados e que temos a obrigação de oferecer à sociedade, como contraprestação, um trabalho expedito.
Na mesma oportunidade, condenei, como já o fiz reiteradas vezes, a pachorra e a indolência dos que recebem do erário sem trabalhar – ou trabalhando muito pouco, sem compromisso com o mister.
Nessa mesma linha de pensar, eu disse, ademais, que, com o salário que percebemos, nos constituímos em privilegiados, numa sociedade onde grassa a miséria, sem abstrair, claro, os esforços que todos fizemos para alcançar essa situação de conforto.
Seguindo na mesma balada, anotei, de mais a mais, que, dentre os privilégios do magistrado, estavam os 60(sessenta) dias de férias e os 15(quinze) dias de recesso natalino, razão pela qual compreendia que, a fortiori, deveríamos nos esforçar para atender às demandas judiciais com brevidade e desvelo.
Segui, depois, falando de temas diversos e da minha expectativa de que, mais dia, menos dia, nós nos faríamos respeitar pelo que fazemos, ao reverso do que ocorre hoje, desacreditados que somos, pelo que deixamos de fazer.
Como se pode ver, não disse na entrevista nada do que não já tenha dito e que não seja do conhecimento da sociedade.
Todavia, ainda assim, a entrevista teve enorme repercussão.
Que bom!
PS.
Devo dizer que sou daqueles que entendem que o recesso natalino não se estende aos magistrados.
É inconcebível, desde meu olhar, que o magistrado incorpore aos sessenta dias de férias mais quinze dias de recesso.