A falta que o estado faz

Passei os dias de carnaval, como faça há vários anos, em Cururupu. Aproveitei as folias de momo para ler e relaxar – e refletir, ademais. 

O mais significativo, no entanto, não foi ler, relaxar e refletir. O mais importante mesmo foi ter desfrutado, durante sete dias – estou de férias, lembram? – da companhia de minha família, de parentes e amigos.

Estar com a minha família é meu maior prazer. Nada, mas nada mesmo, se compara ao convívio familiar. Viver – e conviver – em família é um bálsamo, uma dádiva, um prazer imensurável.

 

Ao retornar para São Luis, na quarta-feira de cinzas, de seis do corrente, optei por voltar “por fora”, como costumamos dizer, isto é, optei pela estrada ao invés do ferry-boat, vez que tive informações de que estava toda reconstruída.

No retorno, vindo “por fora”, pude observar que a população que mora às margens da MA 014, está destruindo – impunemente, como sempre – a estrada recém reformada, para construção de quebra-molas.

Logo, logo, não tenho dúvidas, a MA 014 estará tomada de lombadas, sem especificações técnicas e sem sinalização, as quais, certamente, favorecerão a ocorrência de acidentes e, até, de assaltos.

Diante de casos de igual matiz resta perquirir: por que será que a população, nesses e noutros episódios, age como se não tivesse a quem dar satisfação, como se vivesse em terra de ninguém?

A resposta é simples, quase singela. É porque onde o Estado se omite. E onde a autoridade estatal é uma quimera, o particular se sente estimulado a delinqüir, a agir ao alvedrio da lei.

Não posso aceitar que nenhuma autoridade, diante de uma flagrante dilapidação da coisa pública, não se mobilize para evitar esse tipo de ação deletéria.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Um comentário em “A falta que o estado faz”

  1. Gostei muito do texto, são as palavras que queria dizer, mas não sabia.

    Parabéns V.Eª.

    Escreve muitíssimo bem.

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