Oba-oba, fanfarrice, rega-bofe… Nada mais

No dia hoje houve um reunião do Corregedor-Geral de Justiça com vários juizes do Estado, no Rio Poty Hotel, para traçar diretrizes para o biênio 2008/2009. 

Vou logo antecipando que fui convidado, sim, mas dela não participei. Preferi fazer minhas audiências – e fiz várias, registro. E não participei porque já perdi a fé. Não gosto de oba-oba, de fanfarrice. Eu não acredito em resultado prático dessas reuniões. Delas já participei no passado. Nesses casos, sou reacionário mesmo. Incrédulo, melhor dizendo.

Dessas reuniões já participei, reafirmo, mas delas não mais participarei, porque nelas não acredito. Corporação não costuma agir em benefício da coletividade; corporação trabalha em seu próprio interesse. É sempre assim! Sempre foi assim! E, ao que parece, sempre será.

 

Há vários anos que espero medidas concretas, para reverter a situação dos juízes de primeira instância. Não! Espere! Quando fala em reverter a situação, não me reporto a salário, não me refiro a nada de ordem pessoal. Quando falo em reverter a situação estou falando em condições de trabalho, que é o que nos faltam mesmo.

Os juízes de primeira instância sempre foram tratados pelo Tribunal de Justiça como uma subcategoria. É preciso pintar esse quadro com outras cores.

Mas a nossa situação atual não se reveste, compreendo, com rega-bofe, com bravata, com fanfarra. Ela se reverterá se medidas práticas e urgentes forem implementadas. Nesse sentido compor as varas com mais analistas, com mais funcionários, com mais oficiais de justiça, dentre outras medidas urgentes e inadiáveis, seria um bom começo.

De nada valem discursos, apertos de mãos, tapinhas nas costas, um bom whisk, uma boa vodka, um bom almoço regado a vinho, se tudo permanecer como dantes. E, imagino – vamos ver, depois – , tudo permanecerá com antes. Sou muito cético com relação a mudanças de rumo.

Vou aguardar o resultado dessa reunião. Espero não me decepcionar mais uma vez.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Um comentário em “Oba-oba, fanfarrice, rega-bofe… Nada mais”

  1. Dr. José Luiz,
    Há alguns meses acompanho seu trabalho e nutro admiração pelo mesmo no sentido de que o Senhor o faz de modo vigoroso e sempre pautado no respeito, nunca descuidando do rigor que deve ser própio do seu mister.Considero-me até um pouco suspeito pra falar haja vista também nutrir grande admiração pela carreira da magistratura, e, vendo um exemplo como o seu só vejo motivos para seguir em frente. Não deixe que as dificuldades encontradas no caminho esmoreçam a sua luta em busca de Justiça, porque nós sociedade dependemos dela,
    saudações,

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