Como é duro ser brasileiro

A partir de hoje vou publicar neste blog matérias de autoria de Luciano Pires, escritor, palestrantes e responsável pelo blog Café Brasil

Os artigos podem ser ouvidos em podcast.

Faça como eu. Faça suas caminhadas ouvindo Luciano Pires. Você vai ver só que delícia.

Anoto que estou autorizado a fazer as publicações, pelo próprio Luciano Pires, com quem contatei antes.

Para conhecer outras matérias – e o próprio – de Luciano Pires, acesse o site http://www.lucianopires.com.br/

A seguir, a primeira matéria que escolhi para veicular no meu blog.

Bom dia, boa tarde, boa noite… See the stone set in your eyes… see the thorn twist in your side… Hummm.. que luxo né? Café Brasil em ingrêis? Pois é. Mas é pra falar de como é duro ser brasileiro. No programa de hoje você vai se reconhecer, sabe? Pra começar , vamos com uma frase que eu acho que já usei neste programa. É de Tom Jobim…

Viver nos Estados Unidos é bom, mas é uma merda.

Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.

E meu cunhado decide ir ao Parque Antarctica assistir seu Palmeiras. Leva junto meu sobrinho e, pra não ter erro, compra ingressos na numerada coberta.

Pagou 120 reais cada um. Saiu de casa com antecedência e levou mais de duas horas para chegar até o estádio, enfrentando um trânsito caótico. Por sorte ele foi de taxi. Chegou ao estádio com cinco minutos de atraso.

Ao encaminhar-se às suas cadeiras numeradas encontrou-as ocupadas por um sujeito e seu pai. Dirigindo-se a eles com educação, meu cunhado recebeu a resposta seca, sem sequer ser olhado pelo sujeito:

– Não vou sair. Meu lugar também estava ocupado.

Meu cunhado argumentou que então o sujeito deveria se entender com quem ocupou o lugar dele, e não tomar o lugar dos outros. Mas não adiantou. O cara de pau fingia que não estava ouvindo. A temperatura foi subindo até que meu sobrinho aliviou:

– Escuta, no intervalo você desocupa o nosso lugar?

O sujeito concordou. Meu cunhado assistiu o jogo até o intervalo sentado na escada. Só conseguiu sentar no lugar pelo qual pagou quando o desgraçado levantou no intervalo.

Bem vindos, meus amigos. Isso é o Brasil.

Homenagem ao malandro
Eu fui fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal, o que dá de malandro
regular profissional,

malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital,

que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, no trem da central

Quer ouvir a música no Café Brasil? Clique aqui

Que tal o clássico HOMENAGEM AO MALANDRO, de Chico Buarque, na voz de João Bosco? Nem precisa dizer nada…

http://www.youtube.com/watch?v=veeisMvPJm8 – Homenagem ao Malandro – Chico Buarque
http://www.youtube.com/watch?v=KBSPStJkEPY – Homenagem ao Malandro – Banda Conselheiro Mairink

Chico Buarque e João Bosco

Pois então… Quem é que não experimentou ainda os inconvenientes do Brasil? O sujeito que fura a fila? O que pega sua vaga no estacionamento? O vizinho que levou seu jornal? A vizinha que coloca o cachorro para fazer cocô no seu jardim? Aquele que ultrapassa pelo acostamento? O que mais, hein?

E você sabe que nada disso é culpa do governo, não é? Ou será que é? O que é que nos joga para essas transgressões? É nossa falta de educação ou é culpa das complicações, do custo Brasil, que nos empurra para o ilícito?

Sobre esse tema, leia este texto do Minas Kuyumjian Neto, que escreve nas Iscas Intelectuais de meu site. Ele, como provavelmente você, era um pobre usuário do Speedy e também apanhou da Telefônica. Talvez você se reconheça nele.

Ao fundo você ouvirá, no podcast, GATO POR LEBRE, com meu amigo Renato Piau. É uma trilha muito apropriada…

Quer ouvir a música no Café Brasil? Clique aqui

Renato Piau

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.