Afinal, somos todos oportunistas?

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Dicionário Michaelis

oportunismo
o.por.tu.nis.mo
sm (oportuno+ismo) 1 Polít Tendência a sacrificar os princípios, para transigir com as circunstâncias e acomodar-se a elas. 2 Habilidade em procurar ocasiões oportunas para bons lances, em certos jogos esportivos.

oportunista
o.por.tu.nis.ta
adj m+f (oportuno+ista) Relativo ao oportunismo. adj e s m+f 1 Que, ou quem aproveita as oportunidades. 2 Que, ou pessoa que é partidária do oportunismo.

Acabo de instruir um processo ( nº 150502009), cuja ação penal foi proposta pelo Ministério Público contra G.M. de S., em face de um assalto em desfavor da Loja Insinuante, fato ocorrido no dia 26 de maio do corrente, às 17h00, no bairro João Paulo, nesta cidade.

Em determinado momento da instrução, indaguei da testemunha, J.R P.P.J., um dos empregados da loja que testemunharam o assalto, se os assaltantes tinham conseguido levar alguma coisa da loja, ao que respondeu:

– Os assaltante não, mas a população, sim.

No primeiro momento fiquei sem entender. Depois compreendi.

Que bobo que sou!

O que a testemunha disse, para meu desalento, é que os populares que se mobilizaram em face do assalto, aproveitaram a ocasião para saquear a loja.

Esse fato, me leva a formular a pergunta que tenho feito insistentemente:

– Afinal, somos todos oportunistas?

Tenho dito, até com certa ênfase, que, ao que parece, todos nós estamos esperando apenas uma oportunidade para tirar proveito de alguma situação.

Como podemos, então, criticar os nossos homens públicos, se, na primeira oportunidade, nos mostramos iguais a eles?

Como clamar por moralidade se, ao que parece, somos capazes de agir da mesma forma que eles?

É lamentável constatar mas, ao que parece, somos mesmo meros oportunistas.

É por isso que se deve enaltecer, sempre, quem, diante de uma facilidade, se mantém na trilha da retidão.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Um comentário em “Afinal, somos todos oportunistas?”

  1. Analisando o texto de cunho interrogativo particularmente digo que sim.
    Ainda que não sejamos capazes de aproveitar o fato descrito – saquear a loja- , por princípios e pela reprovação das nossas consciências, se estivermos face a face com algo que esperávamos, certamente o surgimento de uma oportunidade nos fraqueja.

    Não podemos afirmar que estamos livres de todas as tentações.
    Nosso oportunismo nos cega, às vezes o impulso é maior que a própria razão.

    Ano passado fui oportunista.
    Vi uma “promoção” de um produto na internet com o valor de trinta por cento do de mercado. Desconfiada, tive a preocupação de ligar pra loja (SHOPTIME), por três vezes para que pudesse confirmar a proposta e todos os atendentes afirmavam não haver qualquer erro. Era um condicionador de ar split 9.000 BTUS por trezentos e poucos reais.
    Sabia que tinha algo errado e mesmo assim comprei (Puro oportunismo). Até hoje a ação está rolando no juizado.
    Imagina se não fosse uma advogada!
    Todos nós estamos sujeitos as nossas próprias traições.
    É como se tivesse um medidor na nossa cabeça (Geralmente esse medidor só existe nos considerados normais), onde perguntamos até onde a nossa consciência é capaz de nos reprovar pelo oportunismo e qual a pena que podemos sofrer pela atitude açodada que “justifica” o nosso oportunismo.
    Sim. Somos oportunistas.
    Boa semana!

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