Digo, nas conversas informais, que o caminho para minha casa é de descida. Pretendo dizer não tenho nenhuma dificuldade de voltar para casa. Digo mais, na mesma senda, que todos os meus rumos me conduzem de volta para casa. Tenho dito, na mesma alheta, que gosto de sair de casa, só para ter o prazer de voltar.
Eu sou assim mesmo. Eu dimensiono a minha felicidade pela minha ansiedade de voltar para minha casa. Não há, para mim, nada mais prazeroso que o convívio com os meus mais próximos.
Da rua, da vida na rua, o que mais me apraz é a certeza de que vou voltar para a minha rotina familiar.
Tenho dito, até com certa arrogância, pois não tenho preparo intelectual para esse tipo de diagnóstico, que quem não quer voltar para casa é porque não é feliz com família que construiu.
Por pensar assim sou, muitas vezes, inconveniente. Poucos são os lugares que me dou ao luxo de passar mais de uma hora, sem voltar para minha casa.
Bico do mato. Ser anti-social. Tipo esquisito. Estraga prazer. De tudo isso já fui chamado, por preferir estar em casa que nas esquinas da vida – ou da rua.
Eu sou assim. Talvez muito diferente de você. Todavia, nem melhor, nem pior. Diferente, apenas.