Juiz José Luiz Oliveira de Almeida
Titular da 7ª Vara Criminal
O dinheiro, todos sabem, é o que move o mundo. Todos nós, de uma forma ou de outra, estamos sempre em busca de dinheiro. Com ele se compra conforto e, até, paz espiritual. Compra-se, também, a consciência dos mais fracos e a honra dos que têm propensão para o ilícito.
A verdade é que ninguém fica em paz sem dinheiro. Ninguém pode ter paz com as panelas vazias, vendo um filho passar necessidade, sem poder ter acesso à sociedade de consumo.
O dinheiro não é tudo, mas, não se há de negar, pode até nos tornar mais saudáveis. É que, todos sabem, sem o estresse decorrente da falta de dinheiro, sem contas pra pagar, com dinheiro para abastecer a geladeira, as nossas defesas ficam mais fortes, nos imunizando, até, contra uma simples gripe.
O dinheiro abre as portas, facilita a nossa vida, nos torna até mais tolerantes. O sorriso, a maneira de agir, o relacionamento com os semelhantes, tudo, enfim, é facilitado quando se tem um bom saldo bancário. Isso não se há de negar, mesmo porque consumir é um dos prazeres da vida. É por isso que há quem mate e quem morra por dinheiro. É por isso que há os que, sem controle moral, sem grilhões morais a lhes tolherem a ação, são capazes de qualquer bandalheira para amealhar mais dinheiro, sobretudo se exerce uma função pública que facilite o seu ímpeto predador.
Fico feliz , sinceramente, quando vejo alguém ascender, prosperar financeira e profissionalmente. Não tenho, portanto, inveja – a mais mínima inveja – de quem alcança ascensão pessoal, financeira e profissional, pelos seus méritos, pelo seu labor, sem bandalha, sem desrespeitar o direito do semelhantes, sem se banquetear com o dinheiro público. Não tenho a mais mínima inveja, por exemplo, de quem tem uma boa cobertura, carrões na garagem, apartamento em Paris ou em Londres. Não tenho inveja de quem se veste com roupas de marca e viaja todos os anos para esquiar nos alpes suiços. Eu até aplaudo a ascensão. Eu vibro com a ascensão. Eu quero isso pra todo mundo. Por mim todos teriam pelo menos o que tenho. É um prazer assistir um trabalhador amealhar dinheiro e poder da conforto a sua família.
Consigno, todavia, que se a ascensão se deu com a malversação de verbas públicas, com o recolhimento de propinas, imoralmente, ilicitamente, bem, aí, eu, conquanto não tenha inveja, me agasto e me revolto. E desejo, ardentemente, que, um dia o biltre seja preso e desmoralizado, se é que se pode desmoralizar quem não tem patrimônio moral a ser preservado.
Parabéns por suas sábias palavras.
Parabéns por suas sábias palavras ! Só conhece a verdadeira paz quem anda na verdade