Estupefação

Dias desses, estando no Tribunal, ao acessar um dos nossos elevadores, um servidor, que já estava no interior do mesmo, pulou fora, com uma rapidez de assustar. Fiquei estupefato com essa reação e pensei com os meus botões: estaria eu com alguma doença contagiosa? O que de tão estranho esse funcionário viu em mim, a ponto de preferir sair do elevador que privar da minha companhia? Seria essa uma prática corriqueira? Há alguma norma não escrita proibindo os funcionários de usar o mesmo elevador que utiliza um desembargador?

Se algum dos meus leitores tiver respostas para essas inquientantes indagações, me informe, por favor.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

4 comentários em “Estupefação”

  1. Antes de tudo, parabéns pela sua promoção…pelo que me falaram o TJ estava e esta precisando de Magistrado como você.
    Esta cena que aconteceu com senhor, por incrivel que pareça poderia ser ate um script de filme de guerra estilo nazista, os soldados com medo de seus superiores…mais deixa para lá…
    Isso aconteceu, porque tem muito desembargadores(as) que ficam com a “cara feia” quando tem outra pessoa no elevador sem ser um magistrado ou alguma autoridade…eu achava isso uma coisa mais sem lógica e sem escrupulos…vai entender isto.

    Atenciosamente Knigort

  2. Vossa Excelência sabe que existem Leis e costumes. Filas de bancos, cinemas e etc., não existem previsão legal, mas é obedecido por todos nós, uma vez que o costume virou norma. No Tribunal de Justiça um costume imposto é obedecido pela suposta hierarquia. O elevador da esquerda de quem entra no TJ ficou destinado a Juízes e servidores e o da direita privativo aos Senhores Desembargadores, ou seja, padre anda com padre, desembargador com desembargador, pratica arcaica, mas infelizmente criada por alguns dos pares de Vossa Excelência. Agora, não me pergunte quem foi, pois, não sei quem é. Abraços,
    Bonfim

  3. É essa mística em torno da figura do magistrado que deve ser cultivada.

    O rude quando sobe o rio e encontra a fonte, na sua ignorância, acaba por destruí-la.

  4. Caro Desembargador, trabalho há pouco tempo no TJ/MA, aproximadamente 4 anos. Durante este tempo, em que pese nao tenha tido contato direto com o senhor, pude perceber o profissional capacitado e sério que é. O senhor, ainda novo (acredito que tenha por volta de 60 anos) chega ao TJ sem dever favores. Percebi, qnd trabalhei na CGJ, que o senhor nem sequer se inscrevia nas promoções por merecimento. Enquanto os demais juízes desencadeavam verdadeiras campanhas eleitoreiras, puxando saco dos Desembargadores, e estes votavam em quem mais puxava ou em quem mais atendia a seus interesses, o senhor continuava trabalhando na 7a vara em prol da sociedade. Conheço os motivos pelos quais agia assim, e admiro sua postura. Parabéns mesmo, sou seu fã. Meu nome dado acima nao é o verdadeiro. Prefiro nao me identificar. Boa sorte neste sua nova empreitada como membro da mais alta Corte do Judiciário Maranhense. O senhor tem competência de sobra para enfrentá-la. Abraços.

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