75 anos?

Sou contra! Não posso aceitar! Fere as minhas convicções, a perpetuação no Poder. O Poder Judiciário precisa se arejar. Isso é fato. Aumentar a idade de aposentadoria não fará bem à instituição. Sou contra! Sempre fui contra! Espero não mudar de opinião. Eu preciso de fortes argumentos para mudar de opinião. Não digo que não mudarei. Hoje, no entanto, estando no segundo grau, estou convicto, mais do que nunca, da incoveniência da PEC da Bengala. Não quero morrer apegado ao Poder. Eu quero tempo para viver uma aposentadoria digna. O Poder é bom, mas não é tudo. Compraz-me muito mais a companhia da minha família, por quem tudo renunciei. Entre envelhecer no Poder e viver tempo integral com os meus filhos, prefiro a última opção. O Poder, definitivamente, não me fascina. Excerço-o, por isso, com o única objetivo de servir. Excerço-o, na esperança de fazer alguma coisa relevante. É por isso que disse, no meu discurso de posse, que o meu tempo de permanência no Tribunal é o tempo de poder realizar. Se não poder fazer alguma coisa relevante, volto para casa, bastando, para isso, completar meu tempo de aposentadoria. Mas quero deixar uma semente plantada, para dar frutos as futuras gerações.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

2 comentários em “75 anos?”

  1. O senhor então desconhece as palavras do Min. Celso de Mello, referindo-se aos Ministros da Suprema Corte dos EUA que “eminentes nonagenários já desempenharam a fnção mais alta do Judiciário de modo digno, sóbrio e criativo”????

  2. As coisas com as instituições não passam pela simples oxigenação, é necessário um corte abrupto que aparte os promissores, ainda puros, dos experientes já curtidos do vinho da corrupção.

    A caminhada ao poder passa por violentas batalhas. O seu exercício requer incansável vigilância. Deixá-lo é traumático, para os que não se perdem de vez. Como ele pode ser bom?

    O poder, com efeito, não é bom. Que o digam os que não podem experimentar das benesses que ele pode prover.

    Bem aventurados os generais que retornaram ao lar depois da épica jornada pelo poder…

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