O futuro…

Definitivamente, não sabemos, ninguém sabe, afinal, o que o futuro nos reserva.

A ninguém é dado o poder de antecipar o futuro. Muitos já tentaram. Ninguém, de rigor, conseguiu, todavia.

Todos que o têm tentado antever o futuro têm errado fragorosamente, ainda que se reconheça que, aqui e acolá, por pura acaso, alguns têm acertado, pontualmente, algum acontecimento vindouro. Nada, no entanto, capaz de impressionar.

.Apesar da inviabilidade de acertar o porvir, ainda há os que tentam adivinhar o futuro.

Em face da incerteza acerca do futuro, muitos são os que costumam atribuir o futuro a um ser superior, afirmando, às vezes sem nenhum convicção, que o futuro a Deus pertence.

Se somos todos filhos de Deus e se o nosso futuro está nas mãos desse mesmo Deus, confesso que não sei – e ninguém decerto saberá – por que alguns, depois de terem sido favorecidos com dons quase divinos, como se fossem espécies escolhidas, morrem de forma trágica ou depois de intenso sofrimento físico, como ocorreu, por exemplo, com Ella Fitzgerald e Billie Holiday ( A primeira, conhecida como a primeira-dama da canção americana, ficou cega, teve as penas amputadas e morreu de complicações decorrentes do diabetes, depois de intenso sofrimento. A segunda, viciada em álcool e heroína, passou os últimos dias de vida algemada a uma cama, vigiada por um policial, enquanto morria de cirrose hepática, aos quarenta e quatro anos de idade e com apenas 70 cents em sua conta bancária).

Diante dessa constatação, resta a mim indagar, inquieto: teriam esses filhos de Deus exorbitado – e, por isso, “castigados” – dos dons que lhes deu o criador, ou Deus, pura e simplesmente, deles se esqueceu, sem se preocupar com o seu futuro, depois de tê-los favorecidos com virtuoses que, aparentemente, negou a outros mortais?

Essas reflexões não se destinam a estabelecer qualquer polêmica em torno das questões religiosas. Elas são somente reflexões, feitas para instigar. Nada mais que isso.

Com a fé não se brinca; e eu seria a última pessoa do mundo a questionar a fé de alguém. – ou a minha própria fé.

O que pretendo é, tão-somente, induzir à reflexão, repito, sobretudo depois de viver – como ainda estou vivendo – intensa angústia com destino dos mineiros soterrados no Chile.

Como sou, não raro, irracional, fico, muitas vezes, me colocando no lugar deles e dos seus familiares. E, dessa forma, vou sofrendo junto com eles.

Torço para que Deus dê conforto a eles, para que suportem, sem enlouquecer, os três meses que terão que passar aguardando o resgate.

Eles, tenho esperança, não serão esquecidos por Deus, o qual, espero, cuidará do seu futuro.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

3 comentários em “O futuro…”

  1. O MAL-ENTENDIDO DO SOFRIMENTO – O DISCURSO
    SOBRE JÓ
    Nessa mesma noite em Betsaida, João também perguntou a Jesus porque tantas pessoas aparentemente inocentes
    sofriam de tantas doenças e passavam por tantas aflições. Ao responder às perguntas de João, entre muitas outras
    coisas, o Mestre disse: “Meu filho, tu não compreendes o significado da adversidade nem a missão do sofrimento. Tu não leste aquela
    obra-prima da literatura semita – a história das aflições de Jó nas escrituras? Tu não te lembras que essa parábola
    maravilhosa começa com o recital da prosperidade material do servo do Senhor? Tu te lembras bem de que Jó era
    abençoado com filhos, saúde, dignidade, posição, riqueza e tudo o mais que os homens valorizam nesta vida
    temporal. De acordo com os ensinamentos, há tanto tempo respeitados, dos filhos de Abraão, a prosperidade
    material seria uma evidência, suficiente por si mesma, do favorecimento divino. No entanto as posses materiais e a
    prosperidade temporal não indicam nenhum favorecimento de Deus. Meu Pai no céu ama os
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    pobres tanto quanto os ricos; Ele não faz acepção de pessoas, não tem preferências por ninguém.
    “Embora a transgressão da lei divina seja, mais cedo ou mais tarde, seguida da colheita da punição e, conquanto os
    homens certamente colham o que semeiam, tu ainda devias saber que o sofrimento humano nem sempre é uma
    punição por um pecado anterior. Tanto Jó, quanto os seus amigos, não conseguiram encontrar a verdadeira resposta
    para o motivo das próprias perplexidades. E, com a luz de que agora tu desfrutas, dificilmente poderias atribuir, seja
    a Satã, seja a Deus, os papéis que eles têm nessa parábola singular. Embora Jó não tenha encontrado, por meio do
    sofrimento, a solução dos seus problemas intelectuais, nem a resolução para as suas dificuldades filosóficas, ele
    conseguiu grandes vitórias; e, mesmo diante do desmoronamento das suas defesas teológicas, ele ascendeu até
    aquelas alturas espirituais, de onde ele podia dizer sinceramente: ‘eu abomino a mim próprio’; então foi concedida a
    ele a salvação de ter uma visão de Deus. E assim, por meio de um sofrimento incompreendido, Jó ascendeu a um
    plano supra-humano de compreensão moral e de discernimento espiritual interno. Quando o servidor que sofre
    consegue ter uma visão de Deus, segue-se uma paz de alma que ultrapassa toda a compreensão humana.
    FONTE: O LIVRO DE URANTIA

  2. Apenas para refletir sobre a questão do sofrimento do homem de sua relação do homem com Deus,cito uma frase do excelente escritor cristão C.S Lewis, considerado por muitos como um dos maiores escritores do século passado. escreveu o mestre Lewis,e diga-se de passagem, foi alguém que experimentou parcela considerável de sofrimento desde sua infância “Deus sussurra em nossos ouvidos por meio de nosso prazer, fala-nos mediante nossa consciência, mas clama em alta voz por intermédio de nossa dor; este é seu megafone para despertar o homem surdo.”
    Isso se deve ao fato de que em momentos difíceis a presença do Criador é por nós muito mais sensível! um bom dia Dr. José Luiz, amanhã estarei aqui novamente, aprendendo a refletir com o senhor!

  3. A minha visão de sofrimento advém naturalmente de sermos seres “naturais”; e afora a redundância, apenas criaturazinhas sensíveis à intempéries externas ou mesmo internas.
    A fé nos coloca como colaboradores e assistentes ansiosos.
    Somos pois, finitos. Cada um à sua maneira.
    Que Deus nos ajude a passar por nosso momento de forma assistida e digna.
    O admirável em sua pessoa, é o sentimento de igualdade, de finitude. De não conceber o sofrimento como resultado do dom divino.
    De modo que não devemos misturar, divino com essa nossa moradia cedida para ser-mos chamados de,apenas homens ou mulheres.
    Nem tudo podemos fazer pelo próximo, apesar das ânsias, mas estas com certeza nos deixa em muita sintonia como dom da misericórdia d comiseração.
    Que bom se pessoas assim, brotassem de forma algérica.
    Tenha uma boa noite; ouvindo uma música calma e quiçá, experimento algo que o relaxe levemente da angústia humana.

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