Juízes Thales e Milvan

Encaminhei, no dia de hoje, o ofício que publico a seguir, ao eminente Corregedor geral de Justiça, em face do que vem sendo noticiado acerca do Juiz Thales Ribeiro, da comarca de D. Pedro, e em face da inação do Juiz Milvan Gedeon Gomes, da comarca de Vitória do Mearim, segundo relatório da Corregedoria Geral de Justiça.


São Luís(MA), 29 de novembro de 2010.

OFÍCIO N.º 070/2010-GABJL

Excelentíssimo Senhor Desembargador Antônio Pacheco Guerreiro Júnior

Corregedoria Geral de Justiça

Nesta


Senhor Corregedor,

Preocupa-me, sobremaneira – como de resto preocupa a todos nós -, o desgaste da imagem do Poder Judiciário do nosso Estado, a repercutir, como sói ocorrer, em nossa (já pouca) credibilidade.

Nos últimos meses, eminente Corregedor, os jornais têm veiculado, iterativamente, notícias acerca da atuação do magistrado Thales Ribeiro de Andrade, da Comarca de Dom Pedro.

Aliás, preclaro Corregedor, nos meus 25 (vinte e cinco) anos de plena atividade judicante, vivendo intensamente as questões que envolvem o Poder Judiciário do meu Estado, nunca testemunhei uma carga tão grande de acusações contra um magistrado, razão bastante para deflagração, desde o meu olhar, das necessárias medidas administrativas, de viés disciplinar.

No último domingo, o Jornal Pequeno, edição nº 23.518, repercutiu mais um fato, decorrente da ação judicante (?) do magistrado em apreço, com a seguinte manchete de primeira página:

“Mais de 60 entidades repudiam ‘atos arbitrários’ do juiz de D.Pedro”.

Creio, senhor Corregedor, que, em face dessa – e de outras notícias já veiculadas -, medidas urgentes devem ser implementadas – se é que ainda não o foram – pela Corregedoria Geral de Justiça, no sentido de apurar, com inexcedível rigor, os fatos noticiados, em face de sua gravidade, com adoção, em sendo o caso, das medidas preventivas que se fizerem necessárias.

Da mesma sorte, senhor Corregedor, entendo que a situação da comarca de Vitória do Mearim está a reclamar medidas de cunho administrativo – urgentes, sem mais demora – tendentes a expungir o caos que ali se estabeleceu, em face da inação do magistrado Milvan Gedeon Gomes.

Vejo do relatório da lavra dos eminentes Juízes Auxiliares da Corregedoria – Kleber Costa Carvalho e José Jorge Figueiredo dos Anjos – que havia, por ocasião da correição, 2.178 (dois mil, cento e setenta e oito) processos aguardando despacho, e 326 (trezentos e vinte e seis), aguardando sentença. Vejo do mesmo relatório, ademais, que o juiz nunca realizou uma única sessão do Tribunal do Júri, apesar de se encontrar na comarca há mais de 06 (seis) anos.

Ter-se-á de convir, senhor Corregedor, que a situação descortinada no relatório dos eminentes Juízes Auxiliares da Corregedoria é de estarrecer, pelo que contém de nefasto para a imagem do Poder Judiciário, sem perder de vista o desconforto e os danos infligidos aos que se aventuram bater às portas da Justiça.

É verdade, estimado Corregedor, que, por ocasião da correição realizada na mencionada comarca, noticiada através do ofício 2827/2010-GAB/CGJ, de 18 de outubro, foram fixados prazos para que o magistrado corrigisse as omissões e equívocos constatados pelos eminentes Juízes Auxiliares da Corregedoria. Inobstante, não sei, ao certo, se, em face dessas orientações/sugestões/advertências, o magistrado corrigiu o rumo de suas (in)ações; ainda que o tenha feito, creio que não se deva descurar de acompanhar, de perto, o seu trabalho, para que os jurisdicionados de Vitória do Mearim não sejam “castigados” ainda mais do que têm sido.

Consigno, só pelo incontrolável prazer de argumentar, que, a exemplo de um crime de natureza pública, a autoridade administrativa, tendo notícias da prática de uma falta administrativa, ainda que apenas por intermédio da imprensa, deve, sim, instaurar o necessário procedimento preambular (sindicância), do qual poderá, ou não, resultar a instauração de um Procedimento Administrativo Disciplinar.

Sobreleva gizar que, com esta solicitação, não antecipo nenhum juízo de valor acerca da ação do magistrado Thales Ribeiro de Andrade, o qual presumo inocente, até que se prove em sentido contrário.

Com as considerações supra, rogo a Vossa Excelência que informe ao signatário:

I – quais as providências adotadas, no sentido de apurar os fatos noticiados na imprensa local, reiteradamente, em face da conduta do juiz Thales Ribeiro de Andrade, da Comarca de Dom Pedro; e

II – quais as providências adotadas, em face do que foi constatado na Comarca de Vitória do Mearim, na correição antes mencionada.

Fico de já agradecido pela atenção, consignando, ad cautelam, que o único sentimento que me move é o da preservação da imagem do Poder Judiciário.

Atenciosamente,


DESEMBARGADOR José Luiz Oliveira de Almeida

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

8 comentários em “Juízes Thales e Milvan”

  1. Cediço que toda sociedade, e não somente os legitimados e competentes para tal, é “Corregedora” dos atos dos agentes públicos dos Três Poderes, fico orgulhoso de ter como Membro do Poder Judiciário do mais alto escalão vossa excelência, de fato, preocupado com a credibilidade e imagem desse Poder. Não me recordo quando senti tal orgulho.

    Anseio pela renovação do Judiciário, por membros com a sua mesma competência e disponibilidade.

  2. ATÉ QUE EM FIM, UMA VIVA ALMA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LEVANTA UMA QUESTÃO DIGNA DE ELOGIOS EM APURAR OS ESCANDALOS EM TORNO DO JUIZ DE CONDUTA DUVIDOSA E COMPROVADA AOS 4 CANTOS DE DOM PEDRO. THALLES RIBEIRO DE ANDRADE.
    INVESTIGUEM, INVESTIGUEM POR FAVOR E VC VAI DESCOBRIR COISA CABELUDAS QUE CHOCAM AS PESSOAS QUE TEEM ÉTICA!
    PARABÉNS!
    DESEMBARGADOR José Luiz Oliveira de Almeida

  3. Sr. desembargador, sua atitude é louvável e digna de elogios, o que a população de Dom Pedro almeija é a apuração dos fatos ventilados na mídia, para que seja sanado todo este problema e a imágem do Judiciário seja recuperada e este poder recupere nesta cidade sua função de forma impacial. Só com pessoas desta índole como a sua caro desenbargador a esperança e a credibilidade na nossa justiça renasce. PARABENS!!!

  4. Dr. José Luiz, sua colocação é maravilhosa, pois é tudo que a sociedade de Dom Pedro espera, que seja tomada todas as providencias, e que Thales Ribeiro de Andrade seja punido pelos seus atos.PARABENS!!!

  5. Ótima medida! Quem dera se todos os Desembargadores e Procuradores de Justiça fossem assim: “co-corregeredores”. A verdade é que os “antigos” estão na zona de conforto e deixam-como-é-que-tá para verem-como-é-que-fica.
    Parabéns, Doutor, pela preocupação com a imagem do Judiciário, por força de condutas nada compátiveis com a magistratura de alguns juízes… Que isso sirva de exemplo para os demais Desembargadores e Procuradores de Justiça…

    Obs.: Imagine uma comarca ficar seis anos sem um Júri. De duas, uma: ou não há homicídios nessa terra santa ou é vagabundagem pura do juiz, contando, no mínimo, com a cumplicidade do promotor de justiça, o fiscal da lei.

  6. Parabéns pela atitude.É de homens como você que nosso judiciário precisa, sem medo de pressões, sem medo de retaliações, sem apadrinhamento.
    Mas, vale destacar que poderá haver retaliações por parte de alguns do seus pares.
    Entretando ninguem pode falar mal de você, não há nada que desabone sua conduta.
    Se o eminente corregedor não instaurar nenhum procedimento(oque acho que ocorrerá), sugiro a você que envie uma cópia ao egrégio CNJ.
    Obrigado

  7. Parabéns ao digno desembargador.
    Quanto ao juiz Milvan Gedeon Gomes este, se não me falha a memória, é cunhado do desembargador Jamil Gedeon e filho do então desembargador Militão Vasconcelos Gomes, estes, podem ajudar a explicar a inação do juiz de Vitória do Mearim. Quanto ao juiz de D. Pedro o caso deve ser bem mais sério e investigado com mais seriedade ainda.

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