As catástrofes e os oportunistas

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“[…]No caso específico de Lisboa – mas bem que poderia ser , nos dias presentes, no Rio ou em São Paulo, em São Luis ou Teresina, no Haiti ou na Indonésia – , enquanto muitos procuravam comidas e parentes desaparecidos, outros – eles mesmos, os oportunistas – estupravam, matavam e pilhavam.[…]”

José Luiz Oliveira de Almeida

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Não sou um pensador de escol. Eu simplesmente penso, como qualquer outra pessoa. Só que, ousado, penso e escrevo.

A propósito, disse-o, certa feita, que tudo me faz parar pra pensar. Às vezes, o barulho produzido por um freio brusco de um veículo me faz parar e pensar. A história, então, nem se fala. Vou lendo – ou relendo – os fatos, passados ou presentes, e me ponho a refletir, sobretudo sobre o homem e suas contradições.

A cidade de Lisboa, todos sabem,foi varrida por um terremoto, em novembro de 1755, do qual resultou a morte de pelo menos 15 mil pessoas.

Pois bem. Nesse cenário, é claro que o desespero se fez presente, pois, em face do cismo, milhares de casas e edifícios ruiram. O mar, compondo o quadro, invadia casas em grandes, a tudo arrastando.

Nesse quadro desesperador, quem apareceu? Eles, os oportunistas. Exatamente aqueles que, como nos dias atuais, não perdem uma ocasião para praticar desatinos, para tirar proveito da situação.

Pode-se ver que, como nos dias atuais, os oportunistas estão sempre à espreita, esperando a ocasião para tirar vantagem.

No caso específico de Lisboa – mas bem que poderia ser , nos dias presentes, no Rio ou em São Paulo, em São Luis ou Teresina, no Haiti ou na Indonésia – , enquanto muitos procuravam comidas e parentes desaparecidos, outros – eles mesmos, os oportunistas – estupravam, matavam e pilhavam.

Nesses e noutros episódios os “germes” mostram a sua cara, se fazem presentes com a mais intensidade.

É assim também, mutatis, mutandis, com a coisa pública, quando os oportunistas ascendem ao poder, sequiosos de tirar o máximo de proveito possível. Só que eles não dependem, para saquerar os cofres públicos, de nenhuma catástrofe; eles, simplesmente, pilham, como se pode inferir , nos dias presentes, das noticias veiculadas em face do esquema de desvio do dinheiro público, via Ministério do Turismo.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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