A todo instante sou instado a justificar por que decidi não concorrer a cargo de direção do TJ/MA. Dizem os questionadores que chegar à Presidência do TJ e à Corregedoria seria o coroamento de uma carreira, como se, ao reverso, a minha carreira não tivesse nenhuma relevância, só porque não fui capaz de colocar o meu retrato no panteão dos que assumiram a direção do órgão.
Devo dizer, na tentativa de pôr termo à discussão, que não sou carreirista, que não assumi a magistratura para ser presidente ou corregedor. Eu assumi a magistratura para ser magistrado, para decidir, para julgar as questões postas à minha intelecção. Nesse sentido, creio que a minha vida judicial é mais que vitoriosa. Digo mais: não tenho pendores para administrar. Diga demais: pelo pouco que tenho visto nos dias presentes – e que testemunhei no passado -, eu não teria condições de administrar tantas idiossincrasias, tantas incompreenssões, tanta vaidade e arrogância juntas. Poucos, ao que vejo e sinto, em todas as instituições onde prevalece o egocentrismo, se unem para e pelo bem da instituição. Ao que vejo, em todas as corporações, sem exceção, parece que estão sempre jogando contra, como se a administração não fosse impessoal, como se fosse correto torcer e trabalhar contra, para que o colega não fosse reconhecido pelo trabalho que realiza. Vou além: para administrar, para dirigir o Poder Judiciário ou a Corregedoria, não basta, na minha visão, ser magistrado de segundo grau. Administrar vai muito além disso. Nesse sentido, admito, com humildade, que não estou preparado para esse mister.
Nas comarcas pelas quais passei, admito que fui um péssimo administrador, pois que limitei-me, equivocadamente, a julgar, tão somente, sem me preocupar, como deveria, com na área administrativa. Com esse passado de (ir)realizações, na vertente administrativa, não posso mesmo pretender dirigir o Poder Judiciário do meu estado, apenas para “coroar de êxito” a minha carreira, pois, se assim o fizesse, eu não seria mais que um irresponsável carreirista.
Quanto mais leio o que escreves, mais te conheço e mais te admiro.
Quisera Deus que todos tivessem o teu nível de consciência e compromisso com a coisa pública.
Um abraço fraterno
Sônia Amaral