Pegou muito mal esse argumento de que o calor impede os juízes de trabalharem do meio dia às quinze horas.
Esse é o tipo do argumento que, de tão pueril, só pode ser utilizado em momento de pura falta de lucidez.
A declaração do presidente do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça foi de tamanha falta de inteligência, que, às vezes, fico imaginando que estou sonhando.
As condições de trabalho dos magistrados, tem-se que admitir, são boas, sim, nos dias atuais.
Mesmo no passado, já muito distante, seria inconcebível esse argumento.
Pior de tudo foi ficar a impressão de que nós, nordestinos, somos indolentes.
É c0mo se não costumássemos trabalhar em três turnos, quase em tempo integral, para dar vazão – pelo menos em parte – à enorme demanda.
Lúcio Cândido, trabalhador braçal, do Piauí, em resposta ao argumento do desembargador Marcus Faver, disse:
‘- O calor nunca me atrapalhou no trabalho porque o Piauí é quente mesmo. Nasci aqui e trabalho há 24 anos. Nunca fiquei doente por causa de calor.
Que fique claro, pois, que o desembargador Faver não falou em meu nome e em nome dos que, como eu, temos o costume de trabalhar em três turnos, aos sábados domingos e feriados, abrindo mão até do convívio com os amigos e parentes.
Esse tipo de defesa eu dispenso.
O calor não me desestimula, não me estimula o ócio ou a pachorra.
O que me desestimula é saber que muitos se escondem por trás dessas desculpas para não trabalhar.
E lembrem: que ganha do serviço público sem trabalhar, não é em nada melhor que um reles batedor de carteira.
É isso aí amigo! Por essas e outras que a sociedade, com razão, nos critica.
A indolência não tem justificativas plausíveis. O compromisso com a sociedade, pela atividade profissional escolhida, nos impõe o dever de superar adversidades.
Parabéns pelo texto. Muito oportuno.