Os crimes de ódio contra nordestinos, homossexuais, negros e judeus cresce de forma assustadora, de tal sorte que, às vezes, estando no Sul do país (Porto Alegre) a gente chega quase a supor – penso que equivocadamente – que estamos sendo vítimas de algum um tipo de discriminação; por sermos nordestinos: eu e o colega José Bernardo, que, registro, tem suportado, estoicamente, a minha companhia.
Contraditoriamente, ontem, estando no Shopping Iguatemi, nos encontramos – eu e o desembargador José Bernardo, claro – com um dos palestrantes – com sua esposa, Aldacy Rchid Coutinho – , Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, professor titular de Direito Processual Penal na Universidade Federal do Paraná, os quais fizeram elogios desmedidos ao conterrâneo Agostinho Marques.
Claro que pode parecer um caso isolado, porque, afinal, tratávamos de um gênio.
Todavia, ainda assim, ao que pude sentir, eles – pelo menos eles – não deixaram transparecer que tenham algum tipo de aversão a nordestinos.
E não podia ser diferente, afinal são dois eméritos professores, acostumados a lidar com a divesidade racial.
Mas o certo é que os crimes de ódio estão se disseminando de uma forma assustadora.
Quem não recorda da frase de uma adolescente, na internet – ” Nordestisto(sic) não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!” – , depois a eleição de Dilma Rousset?
A delegada Margaret Correa Barreto, da Delegacia Especializada na investigação de crimes contra negros, homossexuais, judeus e nordestinos na internet, em São Paulo, afirmou, a propósito:
“O problema é que o crime de ódio tem características de onda. Depois da repercussão daquele caso (refere-se ao caso da adolescente paulista) , ocorreu um tsunami de manifestações antinordestinos na internet”
Segundo o jornal Folha de São Paulo, edição de 03 do corrente, um passeio no Orkut permite encontrar manifestações do tipo que ” uma bomba seja despejada na África” ou propondo o “estupro corretivo de lésbicas”.
O mais grave é que, segundo a mesma Folha, os autores dessas manifestações ficam orgulhosos quando são flagrados e presos pela polícia, porque, assim, demonstram sua devoção à causa.
Segundo a mesma delegada:
“Tivemos o caso de um skinhead que, flagrado quando ia atacar uma vítima, foi detido e trazido ao Decradi. O rapaz estava eufórico. Dizia que, enfim, conseguira se igualar ao irmão e teria um quadro no quarto com seu próprio BO por agressão”.
Voltarei a tratar da questão com mais vagar.
Parabenizo-o pelo artigo e registro meu comentário, que segue:
A cada dia, vemos crescer as manifestações de intolerãncia em nossa Sociedade, com efeitos nocivos devastadores. Preocupa-nos o fato desses comportamentos perniciosos não serem objeto de conversas em família, principalmente com crianças e adolescentes – é uma oprotunidade para se perceber como estes pensam e veem o mundo e as demais pessoas e poder lhes emprestar um direcionamento diferente daquele que, no meu entender, é nocivo e que foi objeto do artigo sob comento -, e nos ambientes escolares (desde o jardim de infância até o último nível de pós graduação) para fomentar a tolerância e a convivência harmoniosa entre todos. Afinal, temos dedos nas mãos e, mesmo asim, são diferentes, convivem juntos e harmoniosamente e cada qual tem sua importância.