Este é o segundo artigo – de uma série que ainda virá – com reflexões acerca da minha proverbial arrogância.
A partir deles o leitor concluirá se sou arrogante, idealista ou apenas responsável.
Como juiz de primeiro grau, todos sabem, recebi o epíteto de arrogante, a inviabilizar a minha promoção por merecimento para o Tribunal de Justiça, que terminou por ocorrer por antiguidade, cumprindo anotar que mesmo por antiguidade ainda surgiu um movimento encabeçado por irresponsáveis, tentando impedir a minha promoção.
Sempre entendi que a etiqueta era injusta.
Agora, revendo algumas das minhas manifestações, enquanto juiz de primeiro grau, começo a compreender que a minha fama de arrogante talvez se explicasse em face da forma com que eu expunha as minhas insatisfações, obcecado pelo desejo de fazer Justiça.
Abaixo, mais um excerto que apanhei nas informações que prestei ao TJ/MA, em face do HC 6151 .
Leia e tire aos suas conclusões.
“[…]
Tudo tenho feito para responder aos anseios dos nossos jurisdicionados; quase nada tenho conseguido, nada obstante.
Primeiro, veio a greve dos Defensores Públicos. Em seguida, veio a famigerada Central de Mandados. Após, veio a sua extinção. Veio, em seguida, a substituição dos antigos funcionários pelos concursados. Tudo feito sem o mais mínimo planejamento. Resultado: os feitos restaram paralisados, audiências foram adiadas, réus foram colocados em liberdade, sem que se ouça uma única voz se insurgir contra esse estado de coisas.
Fico eu, cá embaixo, lutando para dar resposta aos cidadãos, como contra-prestação pela remuneração que recebo, sem quase nada poder fazer.
Pobre Maranhão!
Pobres jurisdicionados!
Pobres vítimas do nosso descaso.
[…]