“[…]Em torno da cidade e um pouco além de seus muros estão situados quatro hospitais de tal forma espaçosos, que poderiam ser tomados por quatro burgos consideráveis. Evita-se assim a acumulação e o atravancamento dos doentes, inconvenientes que retardam a cura; além disto, quando um homem é atingido por uma moléstia contagiosa, pode-se isolá-lo completamente. Esses hospitais possuem com abundância todos os remédios e todas as coisas necessárias ao restabelecimento da saúde. Os doentes são aí tratados com um cuidado afetuoso e assíduo, sob a direção dos mais hábeis médicos. Ninguém é obrigado a ir para lá; entretanto, não há quem, em caso de doença, não prefira tratar-se no hospital do que em sua casa.
Depois que os provedores dos hospitais recebem o que pediram, segundo as prescrições dos médicos, o que há de melhor no mercado é distribuído, sem distinção, entre todos os refeitórios, proporcionalmente ao número dos comedores. Serve-se, ao mesmo tempo, o príncipe, o pontífice, os traníboras, os embaixadores, os estrangeiros, se os há, o que é muito raro. Estes últimos, ao chegarem à cidade, encontram os seus alojamentos já preparados e providos de todas as coisas de que podem necessitar[…]”
Sim, sim! Você está sonhando. Esse tipo de hospital só existe na obra ficcional de Thomas More ( Utopia).
Fique certo, todavia, que se não fosse o desvio das verbas públicas destinadas à saúde por bandidos aboletados no poder, tudo seria diferente.
Infelizmente, ao que parece, para nós não há salvação, em face da cultura sedimentada de que verba pública é para ser desviada m esmo, ainda que seja da saúde, ainda que muitos morram e/ou que sejam tratados de forma desumana, em face desses desvios.