Ganância predadora da miséria humana

A ganância é defeito moral que precisa ser desencorajado. A ganância do homem tem sobrepujado os valores mais comezinhos. É por conta dessa ambição desmedida que temos sido vítimas dos que, no poder, não se impõem limites morais.  Agem como agem os meliantes, aproveitando-se das facilidades do cargo para satisfazer as suas ambições matérias, que só seriam compreensíveis se não extrapolassem os limites dos que nos permitem os ganhos lícitos.

O assalto à Petrobras, que está longe de ser um caso isolado, decorre dessa ganância, que é predado da miséria humana.

A ganância pelo poder e pelo dinheiro, nos tem infelicitado, tem infelicitado a sociedade, tem feito mal às nossas instituições, pois tem nos privado, por exemplo, de serviços de saúde e de educação de qualidade,  em detrimento, sobretudo dos mais carentes, daqueles que precisam das ações do estado.

 As pessoas parecem exercer o poder exclusivamente para tirarem proveito dessa situação, sem controle, numa ganância desenfreada, capaz de passar por cima de tudo que for considerado obstáculo.

Nessa volúpia, levam de roldão a própria família,  jogando o seu nome na lama, expondo-a à execração pública.

O grave é que, quando se está usufruindo das facilidades proporcionadas pelo poder, não há um só membro da própria família capaz de chamar a atenção para as consequências desse tipo de conduta. É como se todos apostassem na impunidade,  na inviabilidade de vir a ser descoberta a falcatrua, até que um dia a casa cai.

É preciso, urgentemente, dar um basta nessa ganância desenfreada. O homem não pode viver apenas para ambicionar a matéria. Há outros valores mais relevantes.

No mesmo passo, se não for possível coibir as ações gananciosas, é preciso que, ao lado das instâncias persecutórias, que a própria sociedade, ao invés de abrir as portar, valorizar as conquistas do malfeitor, que seja capaz de puni-lo socialmente, com o que reafirmará a sua virtude cívica.

Pantaleão, personagem central do romance Pantaleão e as visitadoras, de Mario Vagas Llosa, numa espontânea e realista confissão, admitiu ter traído a esposa por estar próximo da tentação.

Digo que, da mesma forma, estar no poder, lidar com as tentações do cargo, requer muita força moral;força moral que, infelizmente, poucos têm.

Para encerrar, lembro Tolstoi, segundo o qual todos querem mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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