TEMPO DE REALIZAR


É do genial John Lennon a conclusão de que a vida é aquilo que se passa enquanto fazemos planos para o futuro.

Claro que, na minha idade, fiz muitos planos, deixei a vida passar e realizei menos do que podia – e devia – realizar, disso resultando que, para mim, o futuro, agora, se confunde com o presente.

Vi a vida seguindo o seu curso natural, sem me dar conta de que permaneci muito tempo – agora vejo que desnecessariamente – consumido por problemas que eu próprio criei e em face dos quais, podendo fazer, deixei de realizar.

Diferente do que podia ter feito, compliquei as relações, perdi tempo com
desinteligências, desperdicei energia emocional desnecessariamente, para, finalmente, provecto, chegar ao (quase) equilíbrio que hoje preside as minhas ações e as minhas relações, resultando disso uma vida mais
leve e mais prazerosa.

Como bem pontuado na bela canção “Epitáfio”, dos Titãs, agora olhando para o
passado, a conclusão óbvia, que só os insanos não percebem, é que eu bem que podia ter amado mais, chorado mais, ter visto o sol nascer.

Devia, sim, ter arriscado mais, errado mais.
Eu bem que podia, sim, ter feito o que eu queria fazer, mas que não fiz, por incompetência, intolerância, falta de descortino.

Se é verdade que todos os dias quando acordamos não temos mais o tempo que passou (Renato Russo), é verdade, também, que só há um dia de morrer e que os demais são dias de viver (Mário Cortela), – e de realizar, digo eu -, daí a minha conclusão de que, com o coração pulsando fortemente, com a sensatez em dia, com a lucidez a toda prova e com a disposição idem, concluo que ainda há muito o que fazer – e pretendo fazer, sim.

Essas reflexões são tão somente para dizer que, agora, na presidência do Tribunal Regional Eleitoral, tenho convicção que é preciso realizar, daí que estou dedicado – com a minha valorosa equipe -, quase tempo integral, despendendo a minha melhor energia, para fazer um trabalho que
justifique a minha passagem pela presidência do TRE/MA, não para deixar uma marca indelével, mas que dele (do trabalho) possam resultar benefícios aos jurisdicionados.

Forte nessa convicção, pretendo voltar as minhas ações, fundamentalmente, para o julgamento das demandas represadas – sem descurar, claro, das novas demandas -, não só para tentar cumprir as Metas do CNJ, mas, principalmente, para atender as expectativas da sociedade, vítima involuntária da disfuncionalidade dos órgãos públicos.

Nesse afã, tracei as diretrizes para o período no qual estarei presidente do TRE, a quase totalidade delas voltada para a nossa atividade-fim, ou seja, para entrega, tão breve quanto possível, da prestação jurisdicional, priorizando todos os processos em curso, máxime os que possam levar à cassação
e/ou a inelegibilidade, e aqueles que estão há mais tempo em curso.

Para esse desiderato, conto com o apoio dos membros da Corte Eleitoral, bem assim do digno Procurador Regional Eleitoral, e, fundamentalmente, do nosso qualificado quadro de funcionários/assessores, na compreensão de que todos, tanto quanto eu, têm a exata dimensão da relevância das nossas ações para o conjunto da sociedade.

O professor Mário Henrique Simonsen, de saudosa memória, costumava repetir que, “formulado de maneira correta, o problema mais difícil do mundo um dia será resolvido; formulado de maneira incorreta, o problema mais fácil do mundo jamais será resolvido”.

Forte nessa compreensão é que, a partir de um estudo pormenorizado, e com a adoção de providências tendentes a valorizar a nossa precípua atividade, creio que teremos condições, agora, de voltar as nossas ações para tentar dar uma resposta à sociedade, tão rápido quanto possível, julgando, a
tempo e hora, os diversos feitos que potencializam as nossas taxas de congestionamento, no primeiro e no segundo graus.
É isso.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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