Preconceito, discriminação, intolerância…

 

 

O ser humano é discriminador e preconceituoso. As pessoas discriminam o semelhante em face da roupa veste, em face do peso que tem, em face da estatura que alcançou, em face do bairro onde mora, em face do carro que usa, em face do penteado que adota, em face da barba que muda o rosto, em face da opção sexual, em face da cor, em face do credo, em face da função que exerce, em face dos bares que freqüenta, em face das pessoas que o acompanham, em face da doença que carrega e,a até, em face da comida que lhes sacia a fome.

As discriminações e os preconceitos existem, isso não se há de obscurecer – existem para o bem e para o mal, também não se pode negar.

Nas relações entre pessoas a aparência é tudo – ou quase tudo. Se o cidadão se apresenta de terno em uma repartição pública, recebe tratamento diferente daquele que se apresenta com vestes comuns. Isso é, pura e simplesmente, discriminação, preconceito!

Nas relações entre pessoas, a beleza também conta muito. Se a mulher é bela, tende a ser atendida com mesura, com paciência – até a falta de inteligência é um charme; se é feia, o tratamento é frio, distante e, às vezes, descortês. Isso é preconceito! Isso é discriminação!

O homossexual é discriminado em todos os lugares, muitas vezes sem que se lhe dê a chance de mostrar as suas virtudes, de demonstrar (e precisa?) que é um ser humano como outro qualquer. Isso é preconceito! E e, ademais, intolerância – pura e simplesmente!

Porque tenho plena convicção que o homem é um ser preconceituoso e discriminador, sobretudo em relação aos mais pobres, é que concito, todos os dias, os meus funcionários a dispensarem tratamento igual, rigorosamente igual, a todos que procuram a Secretaria da 7ª Vara Criminal, sobretudo aos mais humildes, pois que são eles que mais sofrem com as discriminações e os preconceitos. Ninguém, com efeito, pode receber tratamento diferenciado na 7ª Vara Criminal, máxime porque a nossa clientela é constituída de pessoas pobres.

Que ninguém tenha dúvidas: na 7ª Vara Criminal, discriminar um pobre, um preto, um gordo ou seja lá o que for, atinge a mim especialmente.

Ao preconceituoso eu só dispenso o meu repúdio.

Sob a minha ótica quem precisa ser tratado com desprezo é o ser preconceituoso e discriminador.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

4 comentários em “Preconceito, discriminação, intolerância…”

  1. Sou advogado no Rio Grande do Sul, e pesquisando alguns artigos sobre discriminação, achei o seu texto. Penso que julgadores como o Sr., mais próximo da realidade de seu jurisdicionados (seu público) tendem a distribuir melhor a Justiça.
    Emocionante a frase final do seu texto: “na 7ª Vara Criminal, discriminar um pobre, um preto, um gordo ou seja lá o que for, atinge a mim especialmente.” Exalto a nobreza do seu pensamento, embuído da esperança de que um dia todos os envolvidos na prestação jurisdicional sejam tomados por este sentimento, tão bem expressado no texto acima.

  2. Quisera que muitos, se não todos, tivessem a mesma conduta. É muito triste você ser excluído por preconceito. E isso acontece no dia a dia de todos nós. Você é preterido por estar velho, por não ser bonito, por ser negro, por ser gordo, é fato, já vivi e presenciei isso. Parabéns!!!

  3. o nobre desembargador nao comentou preconceito discriminaçao e intolerancia a quem tem antecedentes ate cando e vitima e descriminado nao pode ser acusado sempre obrigado nobre cidadao de bem

  4. Minha filha de 18 anos, tentou uma vaga em uma doceria em nossa cidade. Se apresentou vestida adequadamente, no dia seguinte teve que enfrentar uma jornada de 9 horas, a contratante no fim do dia a convidou para uma conversa. O conteúdo foi o seguinte: que no estabelecimento dela não poderia haver nenhum odor que não dos doces ali preparados e vendidos.A mesma então sugeriu que minha filha domasse 5 banhos por dia, usar sabonete, desodorante assim como o uniforme também lavado com sabão sem perfume e secos à sombra. Tendo feito a ¨sugestão¨ ela perguntou se minha filha estaria pronta a atender o solicitado, pois só assim teria a vaga.
    Pergunto ao senhor, esse ato é considerado como? Preconceito, discriminação ou intolerância? Por favor me oriente.
    Agradeço a atenção e aguardo sua resposta as minhas dúvidas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.