Eu não fui criado num mundo de trapaça. Meu pai era muito correto. Um dia ele estragou tudo, é verdade. Fez uma bandalheira inominável. Mas o que eu tinha de assimilar de positivo já estava sedimentado. A trapalhada que ele fez não teve repercussão na minha personalidade.
Minha mãe, a exemplo do meu pai, também sempre foi muito correta. Todas as pessoas que estavam – e estão – em minha volta eram – e são – corretas. Tinham – e tem – que ser corretas, pois em torno de nós não havia – e não há – espaço para traquinagem, para safadeza, para ignomínia.
Eu fui criado – e crio meus filhos – sob determinados princípios que eram – e são – verdadeiros dogmas. No meu mundo a palavra empenhada era – e é – tudo. A dívida contraída era – e é – para ser paga. O compromisso assumido era – e é -para ser honrado. A hora marcada era – e é – para ser obedecida. Não tinha – e não tem – essa de vou chegar atrasado porque sei que quem marcou o compromisso comigo também vai se atrasar.
Por ter sido criado dessa forma e por ter assimilado esses ensinamentos é que tenho muita dificuldade para conviver com canalhas, com pessoas impontuais, com pessoas que não honram a palavra dada, o compromisso assumido.
Eu sou assim. Não pretendo mudar. Mas dizem que o poder corrompe e faz mudar. Até os mais empedernidos vestais, dizem, sucumbem diante do que o poder pode oferecer. Será?