A covardia de um assaltante

Agora, neste momento, estou julgando mais um processo (nº 285672006), em face de crime de roubo qualificado.

Para que se tenha a exata noção da covardia de um roubador, vou transcrever, a seguir, excertos relevantes do depoimento do ofendido, para que você, leitor, compreenda por que não concedo, de regra, liberdade provisória aos autores de crimes praticados com violência contra a pessoa.

A seguir, pois, fragmentos do depoimento do ofendido F.C.V.C

  • que estava com seu filho, fazendo cobrança de aluguel de bilharina, no Bar Kubanacan;
  • que, no mesmo local, estavam o acusado e outros, ingerindo bebida alcoólica;
  • que, momento depois, observou que os rapazes se retiraram;
  • que continuou fazendo a cobrança, quando foi surpreendido pelo retorno do acusado e seus comparsas;
  • que o acusado partiu em sua direção, colocando o facão em seu pescoço e ordenando que passasse o dinheiro;
  • que imediatamente entregou o seu aparelho celular e a importância aproximada de R$ 450,00 que estava em seu bolso;
  • que um dos comparsas do acusado se aproximou e colocou um chuço na sua costa;
  • que o acusado determinou que lhe furassem;
  • que outro indivíduo se aproximou por trás lhe aplicou um goelão;
  • que nessa hora o acusado desferiu-lhe uma panada de facão produzindo uma lesão na altura do seu supercílio;
  • que pararam de lhe agredir em face dos constantes apelos do seu filho;
  • que subtraíram do seu filho o aparelho celular;
  • que conhecia o acusado antes; e
  • que não conseguiu recuperar os bens subtraídos.

Leia, estimado leitor, e tire as suas próprias conclusões acerca da abjeta ação do acusado e seus comparsas

O que mais revolta é que, por um detalhe técnico, por uma mera divergência de interpretação, o acusado foi colocado em liberdade, para, nessa condição, fugir do distrito da culpa.

Em face da fuga do acusado, é muito provável que, mais uma vez, ver-se-á preponderar a impunidade; impunidade que, todos sabemos, é má conselheira.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

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