Quando ingressei no Ministério Público, nunca imaginei que a instituição fosse tão desacreditada, sobretudo no interior do Estado, onde, via de regra, não aparecia nenhum representante do Parquet.
A senhora, dona da pensão , cujo nome não recordo, me apresentou ao Juiz Luis Teles como Promotor de Justiça da Comarca. Dr. Teles, como era tratado, não perdeu a oportunidade e me deu uma gozada. Chamou algumas pessoas de sua comitiva e apresentou-me com ar de deboche. “Gente, aproveitem a oportunidade para conhecer um Promotor de Justiça. Eu não disse que a gente, nessa viajem, ainda encontraria um”. E arrematou: “Dr., o que é mesmo que faz um representante do Ministério Público?”
Não preciso dizer que fiquei revoltado, mesmo porque tudo que fiz até hoje, fosse como membro do Ministério Público, fosse como membro do Poder Judiciário, foi com muita seriedade.
A minha dedicação ao Ministério Público era em tempo integral, como o faço, há mais de vinte anos, como integrante do Poder Judiciário.
O que mais me revoltou foi que, desde meu olhar, a crítica não poderia ser destinada apenas aos membros dos Ministério Público, pois juizes, naquela área, eram, também, espécimes raras. A então juíza de Pastos Bons, por exemplo, só ia à comarca um dia por semana. É dizer: só trabalhava 04(quatro) dias por mês. Ela trabalhava em Pastos Bons e morava em Floriano no Piauí. Chegou a desembargadora. E por merecimento, registro.