Depois não digam que não avisei

imagem-corrida

Estou correndo contra o tempo, em face da Meta II. Mas não por culpa minha e de meus funcionários. Por culpa, sim, de quem, infelizmente, parece não ter apego pelo trabalho.

Estou de licença e deixei uma excepcional colega respondendo pela 7ªVara. Contudo, ainda assim, com a permissão dela, estou indo todos os dias acompanhar de perto a tramitação dos processos da Meta II, cujas instruções praticamente já encerrei. Há apenas dois processos carecendo de diligências. Todavia, não consegui julgá-los, antes da licença, porque em vários deles não foram ofertadas as alegações finais, apesar do prazo extrapolado.

Não vou deixar barato. Se eu não atingir a Meta II por culpa de alguém, vou dar o nome aos bois. E não me importa a repercussão. E não me importo de perder a amizade. O meu trabalho é mais importante do que a amizade que eventualmente nutra por alguém. Existindo conflito entre os dois, opto pelo trabalho. Não faço cortesia com o meu trabalho. Todos sabem disso. Eu tenha consciência da relevância do que faço.

Estou em casa, agora, aguardando as famigeradas alegações finais, pois assumi o compromisso, comigo mesmo, de julgar os processos da Meta II mesma estando de licença, muito embora só vá publicar as sentenças no meu retorno, dia 17 de dezembro.

Vou repetir: não vou tolerar a omissão de ninguém: seja Ministério Público, seja advogado. Se a Meta II não for alcançada por culpa de alguém e se essa culpa se traduzir em desvio de conduta, vou denunciar

Depois não digam que não avisei. Depois não digam que sou arrogante. Depois não digam que sou criador de caso. Eu só quero trabalhar.

Por favor, não me atrapalhem mais.

E duro querer fazer e não poder, em face da falta de compromisso de alguém.

Infelizmente, se a Meta II não for alcançada, ninguém dirá que foi por culpa do Ministério Público, por exemplo. Dirão, simplesmente, que o juiz da 7ª Vara Criminal foi omisso.

Eu tenho nome e tenho honra. Eu não aceito a omissão de quem quer que seja.

Ontem à tarde mandei a relação de processos que estão carentes de alegações finais ao Corregedor-Geral de Justiça. Espero que ele interfira junto a quem de direito para solucionar o impasse.

Depois não digam que não avisei.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Um comentário em “Depois não digam que não avisei”

  1. Dr. Jose Luiz:
    as vezes leio sua pagina na Internet e acho interessantes
    alguns comentarios.
    Gostaria de postar algo que nao se aplica a Vossa Excelencia
    por ser um juiz trabalhador, mas sem citar nomes se aplicam
    a alguns.
    O que vou postar, gostaria de que nao fosse divulgado o meu
    e-mail por ser um cidadao comum e ficar receoso de alguma reta
    liaçao.
    O tema é:
    o Judiciario, A Sindrome da Toga Reluzente e o Brasil Colonial

    Alguns juízes brasileiros sofrem de um grave distúrbio mental provocado pelo uso abusivo dos privilégios e mordomias a que fazem jus pela sua posição e pela lei: A Síndrome da Toga Reluzente.

    Esse distúrbio atinge fortemente os magistrados que mergulham em seus desejos megalomaníacos mais profundos e passam a julgarem-se acima da lei e pessoas diferentes das demais.

    Provocado pelo brilho intenso que suas togas emanam, ao farfalharem pelos corredores dos tribunais, feitos com mármores e granitos caríssimos; esse distúrbio é agravado pela impunidade e pelo extremo corporativismo da classe. Dizem os estudiosos que os sintomas aparecem inicialmente graças a extrema omissão das entidades de classe que se preocupam apenas em conseguir privilégios e arrecadar mensalidades; permitindo que profissionais atuando de forma incompatível com as boas práticas jurídicas se mantenham livres de aborrecimentos para advogar e até julgar.

    Nos casos mais graves, a Síndrome da Toga Reluzente, provoca no seu portador a incrível sensação de que é um Deus entre os mortais. As vítimas dessa doença terrível acham realmente que são imunes a qualquer tentativa de tratamento ou de impedimento e que foram nomeadas pelo próprio Criador do Universo para ocupar a sua posição atual.

    Infelizmente, não há um tratamento conhecido para essa síndrome tão grave. A única opção seria a internação em clínicas de segurança máxima para afastar esses indivíduos da sociedade e impedir que a síndrome se alastre entre os outros magistrados. Usando o exemplo dos irrecuperáveis para forçar os portadores da doença a buscar o tratamento logo que os sintomas apareçam. Há relatos de pacientes curados quando tratados com uma terapia inovadora de “choque de realidade” no início dos sintomas. No entanto, revelando-se ineficiente nessa área, a mentalidade reinante no Brasil ainda é a colonial. E, por aqui, se entende que um juiz realmente é um “ser especial” e diferente dos outros mortais que o cercam. Tendo direito a privilégios intermináveis e a impunidade total. Ao invés de internação nas clínicas de segurança máxima disponíveis ou de forçar o tratamento precoce dos que manifestam os primeiros sintomas; os brasileiros entendem apenas que o magistrado deva retirar-se do serviço com uma gorda aposentadoria. Isso é claro, apenas contribui para aumentar a intensidade dos sintomas e levar os doentes para níveis cada vez mais graves de manifestação da doença, alastrando a contaminação por vários níveis do Poder Judiciário.
    Os atingidos pela estranha síndrome apresentam sempre os mesmos sintomas: começam a vender sentenças, participam de festas pagas por criminosos conhecidos ou por potenciais réus em ações que eles mesmos julgarão em algum momento de suas carreiras; atuam em conluio com lobistas e favorecem padrinhos políticos e autoridades que desejam “dar um jeitinho” em suas pendências com a lei. A síndrome parece afetar diretamente o lóbulo frontal e o córtex cingulado anterior (as partes do cérebro responsáveis pela moral, emoções em relação a outras pessoas, caráter e pela percepção de dilemas).

    No auge da doença, os pacientes mostram-se dominados por uma imaginação extremamente fértil e costumam gritar aos quatro cantos que são portadores de reputações ilibadas e vidas irretocáveis. Manifestam extrema paranóia e fantasiam estarem sendo perseguidos e tendem a apelar para a sua “biografia”. Geralmente adoram se refugiar em corregedorias e em órgãos ligados a vigilância da ética. Logicamente, isso nada mais é do que a manifestação da doença em seus estágios terminais.

    Acredita-se que, após o diagnóstico ser proferido, o doente tem poucas chances de ir para as clínicas de segurança máxima, onde receberia o tratamento adequado ao seu mal. Não pela falta de vagas ou por desinteresse geral; mas por simples expressão de corporativismo de seus iguais e de outros doentes, ainda não diagnosticados, que atuam na mesma área que eles.

    Infelizmente, esse mal parece alastrar-se cada vez com mais intensidade ultimamente. Se você é um juiz, um advogado ou trabalha em tribunais; tenha cuidado e mantenha a sua higiene moral e ética em dia.

    Pense nisso.

    Fonte: http://www.visaopanoramica.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.