Nem oito, nem oitocentos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Foi assim, a partir dessas e de outras premissas de igual matiz, que, nos últimos anos – e bota anos nisso! – reconstrui a minha vida, reavaliei meu relacionamento com o semelhante, edifiquei os meus sonhos, tracei as minhas metas, mudei os meus rumos, sedimentei a minha relação com a família – especialmente com meus filhos e minha mulher.
Não vou além, nem fico aquém nas minhas atitudes. Contudo, sou, sim, intenso. Apesar de intenso, não sou extremado, inconsequente – irresponsável não sou.
Ainda que duvidem, sei dos meus limites. Sei segurar as minhas rédeas.
Ninguém tem mais controle sobre mim do que eu mesmo.
Mantenho a minha impetuosidade sob controle. Isso eu sei fazer. E muito bem.
O mais que se diga, que se pense e que se julgue, é maldade – pura sacanagem.
Tenho procurado, sempre, um ponto de equilíbrio. Como um pêndulo, às vezes oscilo, hesito, vou lá, venho cá. Sou assim mesmo: igualzinho a todo mundo. Mas nunca perco a noção do tempo e do espaço.
Sei controlar as minhas emoções – paro, penso, reflito, conto até cem, para, só depois, agir – determinado, obstinado, sôfrego, ávido, intenso, visceral.
Sou, muitas vezes, desabrido, imoderado, insolente. Nada, no entanto, que ultrapasse os limites do razoável.
Mas, afinal, todos o somos assim.
Eu não sou diferente de ninguém. Sei, inobstante, ponderar e decidir com sensatez.
Sou, às vezes, inclemente. Mas, afinal, inclemente, muitas vezes, todos o somos, dependendo das circunstâncias.
Nós nos revelamos de acordo com as circunstâncias.
Sei até onde posso ir, importa reafirmar.
A minha vereda está aberta, e foi aberta por mim, a partir das minhas convicções, dos meus ideais.
Nada temo na defesa dos meus pontos de vista.
Sigo em frente, vou adiante, ao rítimo da balada que escolhi para dar vazão aos meus sentimentos.
A minha mente, a minha condição de ser racional me mantém sob controle.
Nas minhas relações pessoais, sei asopesar, ouvir os dois lados, decidir com sensatez e equilíbrio, a respeitar as diferenças.
Sei, sim, da importância de respeitar as diferenças. Faz bem às relações respeitar o espaço do semelhante. E isso eu sei fazer.
Malgrado todas as minhas limitações, todas as minhas fraquezas, ainda sou capaz de não ir além, de discernir e direcionar os meus passos, de escolher a via mais segura – ou a que suponho ser a mais segura.
Mas que ninguém se iluda: persevero, finco pé, não arredo das minhas convicções, não me afasto dos meus ideais – que, afinal, todas sabem quais são, a partir do que leem no meu blog e nas minhas crônicas publicadas na imprensa local.
Mas essa perseverança não significa afrontar, agredir, espezinhar, desmerecer – radicalismo não é.
Os meus ideais não são pura arrogância, não são posturas de um esnobe, de alguém que pretenda ser superior, afinal, sou apenas gente, um ser humano tão-somente, em cujas veias, afirmo, até com certa arrogância, corre o sangue de quem procura ter dignidade e agir de boa-fé.
Busquei, com sofreguidão, durante muito tempo – tanto que nem sei precisar -, o equilíbrio necessário para enfrentar a borrasca, as intempéries, as incompreensões, as injustiças, os projetos de vingança, as maledicências…
Todavia, ao que parece, ninguém quer ver – ou finge que não vê, por pura perfídia; insídia de quem só vê o que é do seu interesse.
Há alguns anos, há muitos anos, bem antes de vislumbrar o primeiro fio de cabelo branco na minha barba, alcancei o nível de maturidade que tanto almejei; maturidade, apresso-me em dizer, que não significa acomodação ou pachorra, pois as minhas convicções, os meus ideais, os meus projetos de vida, convém reafirmar, com veemência, são os mesmos – rigorosamente os mesmos. Isso não se mudo com o tempo. Com o tempo aprende-se, apenas, a agir, em nome desses ideais e em face dessas convicções, com mais parcimônia, com menos impetuosidade e arrogância.
O equilibrio é como aquele brinquedo de criança…
Ora ele sobre, ora ele desce; ora há peso díspare, ora um dos lados usa do sobrepeso (seja do que for) e, maldosamente, imputa ao companheiro de aventura, um solavanco assustador.
A família, apesar de um importante ponto de equilíbrio, vive como bem disse “Tolstoy”, feliz enquanto iguais e infelizes cada uma à sua maneira.
Só posso dizer que à duras penas me desprendi de viver a vida em função da família – não me abstendo dela – mas sim, me protegendo do quanto ela insiste em arrancar de mim, e que somente eu mesma sei que não tenho para ser arrancado.
Esquecemos de nós. E quando lembramos, não nos lembramos de quem realmente somos.
É isso.