Coisas da vida

Tudo que se constrói sobre  bases movediças tende a desmoronar, mais tempo, menos tempo; dura, quando muito, um inverno.

Assim são as coisas da vida.

Uma amizade construída à luz dos interesses pessoais, por exemplo,  tem data marcada para o fim; dura, se muito,  o tempo de um verão.

Assim são as coisas da vida.

A família que não fincar as suas escoras no  amor, mas em interesses materiais ou por mera conveniência, tende ao não  prosperar; dura – se durar! –  o tempo de uma primavera.

Assim são as coisas da  vida.

Um profissional que não tem amor pela profissão, que tem apego excessivo às coisas materiais, que coloca os interesses pessoais acima dos interesses dos destinatários do seu ofício, tende a ser desacreditado em pouco tempo; o descrédito decerto lhe alcançará antes que  flua o primeiro outono.

O ser humano que subjuga o semelhante, que usa de qualquer expediente para amealhar bens materiais, que deseja a qualquer  custo impor a sua  vontade,  certamente não lembra – ou não quer lembrar – das lições que a história nos legou.

Átila, por exemplo,  foi um dos mais temidos bárbaros de todos os tempos. O que fazia Átila temido era  o desejo de fazer guerra pelo prazer da guerra. Nada temia. Exaltava a violência. Conquistou  um império  a custo de muito violência e  de muitas vidas. Depois de morto, sem a força da sua espada, o império que  construiu desmoronou.

Não podia ser diferente.

Autor: Jose Luiz Oliveira de Almeida

José Luiz Oliveira de Almeida é membro do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. Foi promotor de justiça, advogado, professor de Direito Penal e Direito Processual Penal da Escola da Magistratura do Estado do Maranhão (ESMAM) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

2 comentários em “Coisas da vida”

  1. Ah! Átila, o Huno, Praga de Deus, foi o último e mais poderoso rei dos hunos.
    Não é necessário transpor tanto a história, senhor, lotados estão nossos sub-reinos brasileiros de reis “Atilas”.
    Pragas sociais apenas.
    Mas, caminhando como um professor de antropologia ensinou-me – com os pés destes verdugos – concluo que: como não ser um Átila, e até mesmo um Ares, numa Atena Brasileira emporcalhada? Só se toma o sangue de quem já está morto.
    Meu lamento, é que a grande maioria do povo é extremamente dócil e manipulável.
    Logo, Kratos não virá mais!
    Nem na primavera, nem no verão, nem no outono e, nem no inverno virá nosso herói.

  2. Segundo o historiador Prisco, que viveu à época, Átila era um homem humilde e simples, falava e escrevia latim, grego e outros idiomas, detentor de grande cultura, não só militar. A literatura germânica retrata-o como nobre e generoso. Húngaros e turcos têm-no como um rei huno, um chefe sábio e querido.

    O “bárbaro” Átila só existiu mesmo na pena do cruel e decadente Império Romano.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.