Tudo que se constrói sobre bases movediças tende a desmoronar, mais tempo, menos tempo; dura, quando muito, um inverno.
Assim são as coisas da vida.
Uma amizade construída à luz dos interesses pessoais, por exemplo, tem data marcada para o fim; dura, se muito, o tempo de um verão.
Assim são as coisas da vida.
A família que não fincar as suas escoras no amor, mas em interesses materiais ou por mera conveniência, tende ao não prosperar; dura – se durar! – o tempo de uma primavera.
Assim são as coisas da vida.
Um profissional que não tem amor pela profissão, que tem apego excessivo às coisas materiais, que coloca os interesses pessoais acima dos interesses dos destinatários do seu ofício, tende a ser desacreditado em pouco tempo; o descrédito decerto lhe alcançará antes que flua o primeiro outono.
O ser humano que subjuga o semelhante, que usa de qualquer expediente para amealhar bens materiais, que deseja a qualquer custo impor a sua vontade, certamente não lembra – ou não quer lembrar – das lições que a história nos legou.
Átila, por exemplo, foi um dos mais temidos bárbaros de todos os tempos. O que fazia Átila temido era o desejo de fazer guerra pelo prazer da guerra. Nada temia. Exaltava a violência. Conquistou um império a custo de muito violência e de muitas vidas. Depois de morto, sem a força da sua espada, o império que construiu desmoronou.
Não podia ser diferente.
Ah! Átila, o Huno, Praga de Deus, foi o último e mais poderoso rei dos hunos.
Não é necessário transpor tanto a história, senhor, lotados estão nossos sub-reinos brasileiros de reis “Atilas”.
Pragas sociais apenas.
Mas, caminhando como um professor de antropologia ensinou-me – com os pés destes verdugos – concluo que: como não ser um Átila, e até mesmo um Ares, numa Atena Brasileira emporcalhada? Só se toma o sangue de quem já está morto.
Meu lamento, é que a grande maioria do povo é extremamente dócil e manipulável.
Logo, Kratos não virá mais!
Nem na primavera, nem no verão, nem no outono e, nem no inverno virá nosso herói.
Segundo o historiador Prisco, que viveu à época, Átila era um homem humilde e simples, falava e escrevia latim, grego e outros idiomas, detentor de grande cultura, não só militar. A literatura germânica retrata-o como nobre e generoso. Húngaros e turcos têm-no como um rei huno, um chefe sábio e querido.
O “bárbaro” Átila só existiu mesmo na pena do cruel e decadente Império Romano.