O nosso pior inimigo pode estar dentro de nós

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Nós, de regra, não estamos preparados para derrota. Muito cedo aprendemos, por exemplo, que, numa disputa qualquer, é preciso ganhar.

Ouvi – e ainda ouço – de muitas pessoas a seguinte recomendação aos filhos: se apanhar na rua, apanha em casa também.

É dizer: a sociedade nos condiciona para a vitória. É feio perder. Tem que ser vencedor, nem que seja numa rinha de galo, onde os protagonistas não são os que amealham os louros da vitória.

Ninguém quer ser apontado como perdedor. Todos almejamos vencer. É assim na vida pessoal. É assim na vida proifissional.

Mas a vida não se constrói apenas vencendo. Na vida real é diferente: perde-se aqui; ganha-se acolá. É preciso, pois, saber perder.

Essa máxima da vida, no entanto, não se aceita com naturalidade, daí a razão pela qual há pessoas que, diante da derrota, seja ela de qual dimensão for, se descabela, praqueja, agride, perde o controle – perde os amigos e, até, os parentes mais queridos.

Quando se entra no disputa, seja ela de que nível for, tem-se que saber que pode-se, sim, perder ou ganhar.

Ser vencedor, sair vitorioso de uma contenda, sobrepujar o adversário faz bem à mente – e é o que todos almejamos, enfim.

Quem não quer ganhar? Claro que todos queremos.

Mas é preciso ter em mente que numa disputa também se perde. E ao perder, recomenda o bom senso que se analise as razões da derrota para, nos novos embates, tentar sobrepujar o adversário.

Essas questões são de fácil compreensão.

Eu já perdi incontáveis vezes. Mas, noutra banda, também venci muito.

Com as derrotas aprendi, mas não deixei que a vaidade me levasse a caminhos tortuosos, em face das vitórias que alcancei.

Até aqui, nada demais. Só o óbvio.

O bicho pega mesmo é quando nós perdemos a batalha para nós mesmos. É quando somos derrotados pelas nossas próprias fraquezas. É quando deixamos que a nossa mente nos leve à lona, quando somos nocauteados pelas nossas próprias indiossincrasias.

O conflito que travamos com nós mesmos é o conflito mais difícil de administrar.

Mas nós temos que ter força interior para enfrentar os nossos medos, as nossas angústias, as nossas fraquezas.

Eu, muitas vezes, não soube enfrentar essas questões. Sucumbi, muitas vezes, como um gladiador numa arena.

Algumas vezes. apresentei-me para mim mesmo como um forte contendor, mas o que vi foi eu sendo adversário de mim mesmo. E perdi. Saí da pugna machucado, sofrido, vilipendiado, arrasado, um trapo, um resto de gente.

Foi aí que decidi que, para enfrentar o mundo exterior, para enfrentar o inimigo, eu precisava primeiro vencer os meus medos, as minhas angústias, o meu açodamento, a minha ansiedade. Só depois que venci essas batalhas interiores foi que pude sobrepujar os inimigos externos.

A minha maior batalha, pois, foi travada comigo mesmo; a minha maior vitória,importa consignar, foi contra mim mesmo.

Assim é a vida. É assim que tem que ser.

Sim, assim é a vida e assim que deveria ser.

Mas eu não fui sempre assim. A vida para mim, ao reverso, era algo muito mais complexo, porque eu me autoflagelava diante de questões que hoje tiro de letra.

A verdade é que só passei a entender a beleza e a simplicidade da vida quando superei os meus medos, as minhas fraquezas, as minhas angústias.

Eu só passei a entender e viver bem comigo mesmo e com o meu semelhante, quando passei a entender que eu, como todo ser humano, tinha inúmeras virtudes e incontáveis defeitos.

Agora eu sei que a vida é assim.

Viver pode não ser algo terrível, se nos damos conta de que, a cada desafio e diante de uma derrota, temos que nos fortalecer interiormente, ao inviés de simplesmente sucumbir e chorar o leite derramado.

Não adiante a armadura de um gladiador, o revólver do Zorro, as mágicas do Mandrake, a ambição do Tio Patinhas, os cabelos de Sansão, o estinligue de David, a perspicácia do Mickey, a destreza do Super-homem, as teias do Homem Aranha e a força do Hulk, se não tivermos a capacidade de enfrentar o inimigo que, inclemente, abrigamos dentro de nós mesmos.

Desvendando os mistérios da toga

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Tenho refletido – e tenho registrado, em crônicas, o resultado dessas reflexões – acerca dos mistérios que envolvem os homens togados. Foi por isso que, inquieto, escrevi a crônica OS MISTÉRIOS DA TOGA, de grande repercussão.

Causa-me inquietação a mudança que se opera em de terminados julgadores, quando colocam a toga sobre os ombros.

Eu não consigo compreender, sinceramente, por que determinadas pessoas, que convivem com os demais congêneres – no dia a dia, nas reuniões sociais, nos bate-papos informais – com fidalguia e afabilidade, transmudam-se, de forma supreende, quando adentram numa sala de julgamento.

Essas reflexões, essa minha inquietação em face desses transtornos da personalidade, e a busca de respostas para essas mudanças bruscas de comportamento, me levaram aos meus primeiros anos como magistrado, na Comarca de Presidente Dutra.

Lá chegando, nos idos de 1986, pude constatar, ainda com a personalidade em formação, a importância que o povo dava ( e dá) a um magistrado. Não raro eu ouvia as pessoas se dirigirem a mim e dizerem, quase em uníssono, que eu era a autoridade máxima do município.

É claro que ser colocado na condição de autoridade máxima de um município mexeu com a minha vaidade. E mexe, sim, com a vaidade de todos, máxime se se tratar de um tolo.

Diante de tantos obséquios, de tanta sabujice, de tantas lisonjas, de tantas honrarias, não há quem resista.

A vaidade, essa é a verdade, vai impregnando, contaminando a alma.

Da vaidade para a arrogância e a prepoetência é um passo.

Nessa condição, de autoridade máxima do município, eu também fui arrogante e prepotente. Cometi erros, em face do poder, que não cometeria nos dias atuais.

Deixei-me levar, como muitos, pela vaidade e, algumas vezes, me excedi, sem, no entanto, cometer nenhum ignomínia no exercício do cargo.

Mas, com poucos dias, dei-me conta de que a toga pesava sobre os meus ombros e me fazia uma pessoa diferente do que sou.

Diante dessa constatação, procurei mudar – e mudei! Mudei muito! – , conquanto tenha permanecido, como sou até hoje, intenso, visceral, quase intransigente, na defesa dos meus pontos de vistas, sem, no entanto, ser radical, inconsequente ou obtuso.

Não deixo, como deixei no passado, que a toga mude a minha personalidade, conquanto, repito, exerça o poder intensamente.

Só os tolos, os babacas não mudam.

Eis alguns dos mistérios da toga que só agora revelo.

É por isso que, na crônica intitulada EU (NÃO) FARIA TUDO OUTRA VEZ, tive a oportunidade de dizer:

“[…]” Confesso que quando ouço alguém dizer que faria tudo outra vez ou que não se arrepende de nada que fez, fico achando que nasci, cresci – e vivo – num mundo muito, muito diferente e que, dos homens, estou entre os mais falíveis, entre os que mais erram, os que mais tropeçam, pois muitas das minhas ações do passado, muitas coisas que fiz eu não faria outra vez – nem sob tortura.

Para mim – cá com os meus botões, cá com as minhas imperfeições, com a minha assumida falibilidade – é uma arrogância, uma prepotência sem par, concluir que, diante da mesma situação – ou se pudesse voltar no tempo – , faria tudo exatamente como fizera antes, ainda que tenha tropeçado, que tenha sucumbido, que tenha dado com a cara na parede. Quem pensa e age assim se imagina muito próximo da perfeição, da infalibilidade. Não passa, todavia, de um tolo, de um bem acabado imbecil, pois que, tendo a oportunidade de aprender, não o fez, preferindo, ao reverso, continuar trilhando pelo mesmo caminho, navegando nas mesmas águas turvas nas quais soçobrou.

Diferente dos que pensam – e agem – assim, eu já me arrependi, incontáveis vezes, de muitas coisas que fiz e, até, das que deixei de fazer. Confesso, com humildade, que não faria tudo outra vez. Admito, hoje, mais maduro, ter cometido muitos erros que não cometeria com a experiência que acumulei ao longo dos anos.

Como eu gostaria de poder voltar no tempo para não ter que cometer os mesmos erros! Se a mim me fossem dadas as mesmas oportunidades que tive e que perdi, trilharia noutra direção, noutro rumo, noutro sentido.

Se a mim me fosse permitido voltar no tempo, eu jamais, sob quaisquer circunstâncias, postularia, uma promoção por merecimento, como fiz no passado – sem pensar nas conseqüências. Esse foi o maior erro que cometi na minha vida profissional – e pessoal, pois não posso dissociar, nessas circunstâncias, o pessoal do profissional.

Se eu pudesse voltar no tempo moldaria a minha personalidade para, jamais, sob qualquer pretexto, abrir mão das horas de lazer que me furtei – e, incorrigível, me furto, até hoje – para trabalhar. O ser humano não tem o direito de se auto-impor um jornada tríplice de trabalho.

Se eu pudesse voltar no tempo, me faria concessões, seria menos rigoroso comigo mesmo. É preciso saber se fazer concessões. E isso eu, aos cinqüenta e quatro anos, ainda não aprendi; continuo me imolando com trabalho, me imolando nas minhas empedernidas convicções. E como tenho padecido por causa delas.

Se pudesse voltar no tempo para traçar o meu rumo, a minha vereda, o meu norte, o caminho a seguir, jamais confiaria nalgumas pessoas que confiei e que – hoje sei que era inevitável – me traíram.

Se eu pudesse voltar no tempo, seria mais tolerante com quem não cumpre horário. Eu sempre desprezei – e ainda desprezo – o profissional que não cumpre horário. Muito da minha fama de arrogante decorre dessa minha intolerância com o profissional que descuida do hora aprazada, que não honra a palavra assumida, que não se esmera no trabalho.

Se pudesse voltar no tempo, seria responsável na medida certa, investiria mais em mim e menos no trabalho.

Se eu pudesse fazer retroceder o tempo, eu jamais teria me envolvido emocionalmente com algumas pessoas que, só depois, me dei conta de que não mereciam de mim nada mais que desprezo.

Se pudesse voltar no tempo, eu veria um pouco mais o por do sol, teria chegado um pouco mais cedo – espiritualmente – em casa.

Se eu pudesse voltar no tempo, eu não sairia mais, como o fiz tolamente no passado, prendendo que fazia boca de urna.

Com eu fui idiota! Com eu fui tolo! Hoje sei que tudo foi embalde! Nenhum cabo eleitoral recebeu qualquer reprimenda e nenhum candidato teve a candidatura impugnada.

Eles, certamente, devem ter rido de minha ingenuidade.

Se eu pudesse voltar no tempo, não passaria mais noites insones – como ainda passo – tentando combater a criminalidade miúda, enquanto que os colarinhos engomados seguem saqueando os cofres públicos.

Se eu pudesse voltar no tempo, eu jamais me afastaria de algumas pessoas que amo e das quais me afastei por causa do trabalho.

Acerca da recondução

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Desejo deixar claro, a mais não poder, que quando digo que sou contra recondução – Leia, abaixo, o post MANTENDO A COERÊNCIA – estou dizendo, tão-somente, que aposto na alternância de poder. É dizer: com essa posição eu não assumo nenhum posição em desfavor de qualquer colega, mesmo porque, já tive a oportunidade de consignar, no exercício das minhas atividades profissionais, eu não fulanizo as minhas posições; elas são, ao reverso, de cunho eminentemente institucional.

Tenho informações que essa prática de recondução, no caso específico do Tribunal Eleitoral, está circunscrita – preciso confirmar – ao Tribunal do Maranhão, conquanto não se deva perder de vista que, ainda recentemente, uma colega nossa não foi reconduzida.

Espero, tenazmente, que todos compreendem a minha posição, pois não quero que, a partir de uma interpretação equivocada, ela possa ser tida como uma questão de cunho pessoal, mesmo porque tenho na melhor conta os dois desembargadores que hoje integram a Corte Eleitoral do nosso estado, inobstante não concorde com eventual recondução.

O que eu almejo, repito, é que se promova a necessária alternância de poder, para que todos os membros do Tribunal de Justiça tenham oportunidade de compor a Corte eleitoral- a não ser aqueles que, por uma razão ou outra, abdiquem desse direito.


Eliana de Calon pede o fim das decisões prolixas

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POR MARIANA GHIRELLO

Estamos fazendo sentenças, votos e acórdãos de forma artesanal, quando a sociedade não quer mais isso, ela quer a solução dos conflitos.” Foi o que afirmou a corregedora nacional de Justiça e ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, durante o lançamento do projeto Justiça em dia nesta segunda-feira (20/9). O mutirão prevê o julgamento de mais de 80 mil processos no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em seis meses. Essas ações se concentram em apenas nove gabinetes que possuem em seus acervos de 9 mil a 18 processos.

A nova corregedora nacional de Justiça contou que este projeto tem uma peculiaridade: a equipe do Conselho Nacional de Justiça irá ensinar os desembargadores a gerir seus processos. Ela explica que a medida mais importante para reduzir os estoques é um investimento em gestão e na mudança da mentalidade dos magistrados. Hoje em dia, disse a ministra, os juízes não têm tempo para fazer decisões extensas com citações em língua estrangeira. O objetivo central deve ser dar fim ao problema.

“O modelo de Justiça com longas discussões sobre temas já pacificados está atrasado mais de 100 anos”, criticou. Para ela, instrumentos como a Súmula Vinculante, Recursos Repetitivos e Repercussão Geral aceleram os julgamentos. “Não precisa discutir, apenas citar a Súmula no julgamento. Não podemos mais julgar um por um, com longas discussões acadêmicas, votos intermináveis. Não temos mais espaço para isso”, reforça.

O anúncio do programa saiu na semana seguinte ao relatório Justiça em Números do CNJ, que apresentou dados pouco animadores sobre o tribunal. O número de processos pendentes no TRF-3, que atende aos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, é o mais alto entre os TRFs: 411.852 ações. E a taxa de congestionamento atinge 75% no 1º grau e 65,9% no 2º grau. A boa notícia é que esse índice caiu, se comparado a 2008.

Leia mais Consultor Jurídico

Mantendo a coerência

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No meu discurso de posse eu consignei que só aceitaria um cargo de direção se fosse mediante consenso, com a escolha do mais antigo integrante do TJ/MA. Disse, nessa senda, ademais, que, dependesse de disputar com algum colega, eu de logo abdicaria de qualquer cargo de direção.

Assim procedi por entender que as maiores divergências dentro do Tribunal de Justiça do Maranhão decorrem das disputas por cargo. Isso eu testemunhei desde que ingressei na magistratura. Espero não ter que vivenciá-las novamente, agora como integrante da Corte.

Mantendo essa linha de coerência, devo dizer, agora, que sou contra toda e qualquer forma de recondução. Nesse sentido, entendo que, no caso do Tribunal Eleitoral, cumprido um biênio, não deve ser reconduzido o magistrado, abrindo-se ensanchas para que outros colegas tenham a oportunidade de compor aquela Corte de Justiça.

Digo mais: o meu candidato será sempre o mais antigo da Corte de Justiça estadual – que não tenha, ainda, integrado a Corte Eleitoral.

Nesse diapasão, antecipo que o meu candidato, para a primeira vaga que surgir, tem nome e endereço. Somente na hipótese de o colega mais antigo não aceitar é que voto no segundo mais antigo e, assim, sucessivamente.

Espero que a minha posição seja bem assimilada pelos meus pares, na compreensão de que assim me posiciono visando apenas a manutenção da paz e concórdia que devem vicejar no nosso Sodalício, ainda que em sacrifício de alguma pretensão individual, que deve, sempre, ceder ao interesse público.

Até quando?

Corrupção no AP envolve até Judiciário

Ao menos três desembargadores podem ter participado de esquema de desvio de recursos públicos, segundo a PF

Li na Folha de São Paulo
Inquérito aponta que Secretaria Estadual da Saúde pagava aluguel de suposta amante do presidente do TJ

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
< ENVIADO ESPECIAL A MACAPÁ (AP)

Investigações da Polícia Federal indicam que o suposto megaesquema de desvios de recursos públicos no Amapá pode incluir até o Judiciário. Ao menos três desembargadores do Tribunal de Justiça local são citados no inquérito por membros da “quadrilha”, como diz a PF.
Os nomes aparecem durante conversas de suspeitos. Segundo o inquérito policial, um dos desembargadores, Gilberto Pinheiro, tinha o aluguel da casa de uma suposta “amante” (o termo é da PF) pago pela Secretaria Estadual da Saúde.
Essa secretaria era o habitat dos pivôs do esquema, como o hoje governador Pedro Paulo Dias (PP), titular da pasta até este ano. Além dele, tinham tráfego livre ali Livia Gato, assessora apontada pela PF como amante de Dias, e Alexandre Albuquerque, dono da Amapá VIP, empresa de vigilância privada com contratos supostamente irregulares no governo.
As conversas -entre Dias, Livia e um outro assessor- sobre o pagamento do aluguel à mulher ligada a Pinheiro são do fim de 2009.
O nome da mulher é Ana Paula Batifá. Seu aluguel estava atrasado e foi quitado.
Em dezembro, Dias ligou para a amante e perguntou se o pagamento do “aluguel daquela pessoa ligada lá ao tribunal” foi “resolvido”. Seria o “negócio da Ana Paula”.

ATÉ O INTERINO
Pinheiro é o presidente em exercício do TJ, no lugar de Dôglas Evangelista, que, com a prisão de Dias, assumiu interinamente o Estado.
Dôglas é citado em grampo no qual um homem diz que “ainda hoje” faria “o serviço de Dôglas do tribunal”, que o “Paulo havia pedido”. Para a PF, “Paulo” é Paulo Melém, suposto “testa de ferro” do prefeito de Macapá e primo de Waldez Góes, Roberto Góes.
O terceiro citado é o juiz Edinardo Souza. Pouco depois da menção, permitiu que Adauto Bitencourt, o titular da Educação suspeito de desvio de R$ 200 milhões, ficasse no cargo. O Ministério Público pedira sua saída.
Os juízes não falaram à Folha.

A ilusão dos tolos

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Só um tolo se ilude com o poder. O que se vive e vivencia no poder é absolutamente efêmero. Tudo passa com uma rapidez de impressionar.

A verdade é que, depois do exercício do poder, vêm, necessariamente, o ostracismo, o andar sozinho, a solidão, a tristeza, enfim ( para os que não se preparam para essa realidade), ante a constatação de que os “amigos” de ocasião, de conveniência, debandaram, foram cantar em outra freguesia; quiçá, já podem estar, convenientemente, exercendo a sabujice em torno de outras figuras circunstancialmente poderosas.

Dirão: É a vida! Direi: É a vida, sim!

Pena que muitos não se dão conta de que a vaidade e a prepotência, no exercício do poder, lhes remetarão, mais intensamente, mais rapidamente, enfim, à solidão, quando desse mesmo poder forem apeados- pelo tempo ou pelas circunstâncias.

Dirão: Fora do poder não há salvação! Direi: Fora do poder há, sim, salvação!

Mas salvação só haverá, se, ao invés do poder, sublimares, valorizares, enalteceres, sem enleio, a família e os verdadeiros amigos, que são aqueles que não estão ao teu lado em razão do cargo que eventualmente exerças.

Quem tem família e amigos verdadeiros, nunca estará – nem se sentirá – sozinho; não sofrerá em face do poder que já não tem.

Ontem, por acaso, recebi a visita de um colega, que veio me dar as boas vindas pelo meu retorno ao trabalho, depois do acidente que sofri.

Conversa vai, conversa vem, chegamos à lembrança dos nossos colegas que passaram pelo poder.

Nessas reminiscências, disse ao colega que, no domingo próximo passado, num determinado restaurante da cidade, vi um colega aposentado, já muito idoso e, até, com dificuldades para se locomover.

Diante dessa minha informação, o colega, estupefato, indagou:

– Fulano ainda está vivo?

Seguimos adiante,cuidando, ainda, de recordações.

Num determinado momento, ele disse para mim:

– Sabes quem está muito doente?

Ele mesmo, sem que eu respondesse, disse:

– Fulano de tal.

Fiquei chocado – e triste. Confesso que não sabia do delicado estado de saúde desse ilustrado colega.

Na mesma hora acertamos uma visita para a próxima segunda-feira.

Esses dois exemplos demonstram, com eloquência, o que seremos, depois do exercício do poder: pessoas esquecidas. Nada mais que isso. Quando muito, no caso específico do Tribunal de Justiça, pessoas que não representam mais que um retrato na parede, se tiverem exercido algum cargo de direção.

Como abdiquei, de logo, de qualquer cargo de direção ( a menos que fosse escolhido por consenso, para não dividir mais ainda o Tribunal, o que, é bem de ver-se, jamais ocorrerá), está claro que, no meu caso, nem mesmo o retrato na parede existirá, para que se lembrem de mim.

Essas reflexões me levam, mais uma vez, a uma óbvia conclusão: é preciso sublimar a família e os amigos verdadeiros, pois que somente por eles jamais seremos esquecidos, tendo em vista que por eles – amigos e família – não somos gostados – e, até, amados – pelo estar, mas pelo ser.

É muito provável que esses dois colegas a que me referi, que foram esquecidos em face do poder que exerceram, tenham, nos dias atuais, apenas o conforto do lar e a atenção dos amigos verdadeiros, que é, de rigor, o quanto basta.

Tenho dito, nessa linha de pensar, que os que se embriagaram com o poder , que não se preparam para o porvir, e que não foram capazes de preservar as amizades verdadeiras, viverão, até os dias finais, uma amarga solidão, exatamente quando mais precisam do conforto e de assistência.

É assim mesmo, sem tirar nem pôr. Triste dos que não vislumbram esse porvir.

Essas reflexões me fazem lembrar, outra vez, de Sébastian Roch Nicolas Chamfort, que viveu no século XIX e que foi um dos mais brilhantes satíricos de sua época.

As máximas de Sébastian, publicadas depois da sua morte, revelaram-no um mestre do aforismo e um crítico voraz e impiedoso.

Nicolas Chamfort tinha intensa aversão aos tolos, sobre os quais definia, depois de indagar:

– O que é um tolo?

Para, impiedosamente, responder:

– Alguém que confunde seu cargo com sua pessoa, seu status com seu talento e sua posição com uma virtude.

Depois, diagnosticava, com a mesma acidez:

– Um tolo, ansiando com orgulho por alguma condecoração, parece-me inferior a esse homem ridículo que, para se estimular, fazia com que suas amantes pusessem penas de pavão em seu traseiro.

Excertos do meu discurso de posse

Onde vou ainda se fala no meu discurso de posse. O curioso é que criou-se em torno dele muita fantasia. Para desmistificar algumas questões, vou, a partir de agora, publicar excertos do discurso.

A primeira parte, publico abaixo, sem retoques, como foi concebido, mesmo com os erros de grafia que só agora vislumbro.

O texto, a seguir.

“Assumo o juízo de segunda instância com a convicção de que não farei parte de uma confraria onde se semeiem sentimentos menores. Se assim não for, se eu estiver equivocado, deixo o proscênio e volto para minha casa, pois que, lá, sentimentos malfazejos- tipo inveja, vaidade, traição e prepotência – não encontram abrigo.

Para subjugar, no primeiro momento, a expectativa do que virá a seguir, em face do mito que se criou acerca da minha fala, consigno que dela não advirá nenhum ataque, a quem quer que seja, muito menos aos meus pares, com os quais desejo ter uma relação pacífica e cordial, sem que isso signifique aquiescência incondicional com as suas posições.

Esperei durante muitos anos por este dia. Mas nunca o fiz que não fosse pensando em servir, em ser útil à sociedade, por entender já haver cumprido a minha missão na primeira instância, onde me dediquei por mais de 24(vinte e quatro) anos, em tempo integral, por todas as comarcas pelas quais passei, onde, registre-se, fixei residência.

O exercício da judicatura, agora em segunda instância, tem, para mim, um único objetivo, qual seja o de continuar servindo à comunidade, como afinal deve ser, de resto, o objetivo de todos os homens públicos.

Conquanto tenha esperado, com moderada sofreguidão, por esse dia, confesso, que não estou em estado de euforia e nem me vejo permanecendo muito tempo nesta Corte, a menos que nela prosperem a concórdia, a urbanidade, a cortesia e a tolerância, e que, ademais, as discussões aqui encetadas o sejam apenas no campo das ideias, abstraindo-se as questões pessoais, que, não se há de negar, não trazem nenhuma contribuição para o resgate da nossa credibilidade, tema sobre o qual manifestar-me-ei, com maior detença, ao longo desta oração.

Importa dizer, com todas as ênfases, que o cargo não me envaidece. Diferente de muitos, a sabujice e eventuais ganhos de ordem material não me fascinam. É que a minha vaidade tem limite; doentia não é. A minha vaidade profissional é na medida certa, na medida do meu compromisso com a coisa pública, da minha responsabilidade de bem decidir.

O que me preocupa com a ascensão agora materializada, o que me causa quase estupor, efetivamente, é não saber, com certeza, o que me espera nesta Corte, em face de tudo que se comenta e do que assistimos nas seções aqui levadas a efeito, donde se vê que, algumas vezes, simples regras de cortesia cedem, às vezes, à vaidade, à arrogância e à prepotência.

Tenho pensado muito, desde que vi materializada a minha promoção, na contribuição que possa dar para melhorar a prestação jurisdicional, e, fundamentalmente, para ajudar resgatar a credibilidade do Poder Judiciário do nosso Estado, que, registre-se, não é responsabilidade de nenhum magistrado individualmente considerado, mas decorrente, sobretudo e fundamentalmente, da nossa histórica incapacidade de atender às expectativas da sociedade.

Lamentavelmente, estando aqui agora, antevejo, preocupado, serem verdadeiras as informações que disponho, que pouco ou quase nada vou poder fazer, pois que, ao que parece, nesta confraria, tudo parece muito individualizado, solitário, pessoalizado, ensimesmado. Espero estar equivocado, espero estar fazendo uma análise precipitada. Nunca desejei tanto estar equivocado!

A confirmarem-se as minhas expectativas – que espero equivocadas, repito – tiro o time de campo, tão logo alcance a idade de aposentadoria.[…]”